Morte de criança por ameba ‘comedora de cérebro’ é investigada

A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) está investigando a morte de uma criança de 1 ano e 7 meses em Caucaia, supostamente causada por uma infecção rara pela ameba Naegleria fowleri, conhecida como “comedora de cérebro“. Se confirmada, a meningoencefalite amebiana primária pode representar o primeiro caso oficial registrado no Brasil.

Morte de criança por ameba ‘comedora de cérebro’ é investigada. Foto: Reprodução

O caso começou em setembro de 2024, quando a criança apresentou dor de garganta, seguida por febre alta, vômitos constantes e sinais neurológicos, como convulsões e rigidez na nuca. O diagnóstico da infecção foi feito apenas após o óbito, e testes no reservatório de água da casa da vítima confirmaram a presença da ameba.

Investigação e diagnóstico da ameba Naegleria fowleri

De acordo com Antonio Silva Lima Neto, secretário executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, a doença apresenta sintomas semelhantes aos da meningite clássica, dificultando o diagnóstico.

“Ela é uma doença que a contaminação só ocorre realmente através das narinas. É muito rara. No Brasil, não tem oficialmente nenhum caso confirmado até hoje. Isso provavelmente ocorre porque não há suspeição, é muito difícil suspeitar porque é um evento raríssimo e os casos descritos até hoje são casos que quase sempre levam à morte”, disse Antônio Silva, Secretário Executivo de Vigilância em Saúde.

Contaminação pela Naegleria fowleri ocorre apenas pelas narinas e é extremamente rara. Foto: Reprodução

A farmacêutica parasitologista Ticiana Mont Alverne destacou ao Diário do Nordeste que a doença tem um índice de letalidade de 97% e evolução rápida, com a morte geralmente ocorrendo entre sete e 14 dias após a infecção. A presença da ameba no reservatório da residência foi confirmada pelo Instituto Adolfo Lutz.

Segundo especialistas, a Naegleria fowleri é encontrada em águas quentes e paradas, como lagos e piscinas não tratadas, sendo sensível à cloração. Apesar de incomum, pode afetar indivíduos saudáveis, incluindo crianças e jovens.

Ações de prevenção

  • Após a confirmação do caso, a Sesa e a Prefeitura de Caucaia implementaram ações de readequação do sistema de abastecimento de água, incluindo melhorias na cloração e filtragem.
  • Testes realizados em outros pontos, como lagos e o açude responsável pelo abastecimento local, não detectaram a presença da ameba.
  • Além disso, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Caucaia distribuiu hipoclorito de sódio e realizou campanhas educativas com a comunidade para orientar sobre a higienização da água e os riscos da contaminação.
  • Especialistas enfatizam a importância de evitar o contato com águas paradas e quentes, especialmente em locais sem tratamento adequado.
  • A manutenção de caixas d’água e a cloração correta são medidas eficazes para prevenir a presença do protozoário.
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