Morando no Acre há pelo menos 18 anos, a nova defensora-geral da Defensoria Pública do Estado do Acre (DPE), é natural de Vilhena, no interior de Rondônia, o estado vizinho. Juliana Marques Cordeiro ingressou na carreira a partir do terceiro concurso público para o cargo, realizado em 2006.
Eleita na segunda-feira (25) para conduzir a instituição durante o biênio 2025/2026, Juliana obteve 98% dos votos, sendo candidata única no pleito. Ela assume, a partir do dia 30 de janeiro do próximo ano, o cargo que será deixado pela defensora Simone Santiago, após dois mandatos consecutivos.
Na gestão atual, Juliana ocupa a função de subdefensora-geral, também presidindo o Conselho Gestor do Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM ACRE/CONGEST) e atuando no atendimento especializado em saúde.
O ContilNet fez uma entrevista exclusiva com a gestora, que contou um pouco da sua trajetória. Confira:
Como chegou ao Acre e iniciou sua carreira na DPE?
Sou natural de Vilhena, no interior de Rondônia. Estudei lá até os 15 anos, depois fui para o Paraná, onde terminei o segundo grau. Em seguida, me formei em Direito, em São Paulo. Vim para o Acre e passei no concurso de 2006, o terceiro concurso para defensor. Comecei minha carreira em Acrelândia e morei lá por seis anos. Nos três primeiros anos, fui defensora exclusiva de Acrelândia. Nos outros três, acumulei as duas comarcas: Acrelândia e Plácido de Castro. Em 2013, vim para a capital e aqui passei por diversas áreas: criminal, cível. Em 2016, houve a união e mudança na administração. Desde 2017, participo da administração, não como DPG, mas estive como chefe do antigo Centro de Estudos Jurídicos, onde permaneci por bastante tempo. Em junho do ano passado, assumi a subdefensoria, nomeada pela defensora-geral Simone Santiago. Vim para o Acre solteira e me casei com um acreano, um capitão da PM. Moro aqui há 18 anos.
Antes de ser defensora, ocupou algum outro trabalho na vida?
Não. Cheguei ao Acre com 26 anos. Fui estudante, fiz faculdade, OAB e advoguei por apenas oito meses. Prestei o concurso, passei e sou defensora desde então.
O que a faz sentir orgulho por ser defensora pública?
Sou apaixonada pelo que faço. Conheci a carreira no último ano da minha faculdade e já me apaixonei pela questão social, por ajudar as pessoas e levar acesso jurídico àqueles que não têm condições de pagar. Sempre defendi essa causa. Fui uma defensora conhecida por defender meus assistidos com unhas e dentes. Essa paixão de levar acesso jurídico é algo que carrego comigo. O que me alegra é defender uma pessoa, ver o direito dela ser reconhecido, saber que ela tem acesso à informação, porque essa também é uma das funções da Defensoria. A educação em direitos é uma de nossas funções constitucionais. Muitas vezes, principalmente as pessoas carentes, não têm consciência dos seus direitos. Tenho muita sede de levar esse acesso às pessoas.
Um dos programas que queremos intensificar ainda mais é o atendimento jurídico nas áreas mais distantes e afastadas do Estado. É a Defensoria em todos os cantos, como costumamos dizer. Precisamos levar o acesso jurídico, a informação sobre os direitos, a todas as pessoas que precisam conhecer seus direitos.
Quais são os desafios que a senhora e os demais defensores encontram no exercício da função?
Entre os desafios enfrentados na subdefensoria, destaco a necessidade de melhorar a estrutura física e operacional da Defensoria para atender melhor à população. Como conquista, conseguimos avançar significativamente na ampliação de nossa estrutura física, com a nova sede em Sena Madureira e, em breve, a inauguração da sede de Plácido de Castro. Esses avanços refletem nosso compromisso em proporcionar um atendimento mais digno e próximo à população. Agora, na nova gestão, quero intensificar o uso da inteligência artificial para aumentar nossos resultados e otimizar os serviços, sempre com foco em atender com excelência as demandas dos cidadãos.
Quais são as lutas que a senhora pretende encabeçar dentro da Defensoria Pública, no cargo de defensora-geral, e quais são as necessidades primárias nesse momento?
Bom, já temos data marcada para a chegada dos novos defensores. São 11 novos defensores que vamos integrar, e vamos alocá-los no interior para reforçar o atendimento nos municípios e na capital. Estamos razoavelmente bem, mas vamos interiorizar ainda mais, colocando defensores em cada comarca. Continuaremos com os itinerantes e as atividades que realizamos todos os dias, finais de semana e até feriados. Vamos investir na construção das novas sedes e oferecer locais mais adequados para receber nossos assistidos.
Como a senhora espera que o seu mandato seja reconhecido na história da Defensoria Pública?
Espero deixar um legado, algo muito importante para a Defensoria e para os defensores. Quero um crescimento ainda maior para o órgão e levar mais acesso às pessoas que necessitam. Trata-se de continuar um trabalho que já vem sendo realizado. Precisamos fortalecer nossa carreira, propagar a importância da instituição e aumentar ainda mais nossos atendimentos. Não sei se você sabe, mas já estamos alcançando a marca de 150 mil atendimentos só em 2024.
Tem alguma mensagem à população?
Quero agradecer aos colegas por confiarem no meu trabalho, pelos votos dados. Agradeço também à imprensa pelo apoio na divulgação de nossas atividades. Por fim, me coloco à disposição para trabalhar em prol da população e do avanço da DPE.