A Polícia de São Paulo prendeu mais dois suspeitos de envolvimento na morte de Vinícius Gritzbach, o delator do PCC executado a tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, no início de novembro. Com isso, subiu para três o número de detidos durante a investigação do caso.
Segundo informações apuradas pelo Metrópoles, os três homens são da mesma família e são suspeitos de ajudar o olheiro Kauê do Amaral Coelho a fugir para o Rio de Janeiro. Kauê teria sido o responsável por repassar as informações sobre o passo a passo de Gritzbach para os assassinos do delator e foi identificado pelas câmeras de segurança do aeroporto.
Duas das prisões aconteceram na tarde dessa sexta-feira (6/12), na zona leste da cidade, depois de uma denúncia anônima recebida pela Polícia Militar. Segundo o relato, um jovem de nome Marcos Henrique estaria envolvido no crime em Guarulhos e guardaria armas e munições em casa. No depoimento à Polícia Civil, os policiais que atenderam a ocorrência afirmam que foram até o endereço informado e encontraram um veículo destrancado na frente do imóvel. Dentro dele, de acordo com os PMs, estaria uma sacola com munições.
O veículo pertencia a Allan Pereira, tio de Marcos. Em depoimento, Allan negou o crime e disse que não viu o que os policiais encontraram no carro. Ele contou que quando chegou ao local os policiais já estavam ali e perguntavam por Marcos. Allan, então, teria ligado para o sobrinho, que foi à casa da família e também acabou detido. Horas depois, o irmão de Marcos, Mateus, também foi preso. Todos negam relação com o crime e dizem que não são donos das munições.
Em entrevista a jornalistas na frente do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), o advogado dos irmãos Marcos e Mateus, Eduardo Cuntis, acusou os policiais de plantarem as munições dentro do carro de Allan. “Tudo isso é uma grande armação que vai ser apurada”, afirmou. Segundo ele, uma câmera de segurança teria registrado um policial se aproximando do carro com uma sacola.
“As prisões são ilegais, não vieram acompanhadas de nenhuma ordem judicial. Infelizmente a Polícia Militar, com a Tropa de Choque, fez um trabalho horroroso”, disse o advogado.
Eduardo afirma ainda que os dois irmãos conhecem Kauê “do bairro” e confirmou que estiveram recentemente no Rio de Janeiro, mas não ajudaram na fuga do olheiro.
Execução de Gritzbach no aeroporto
Antônio Vinicius Lopes Gritzbach voltava de uma viagem com a namorada quando foi executado na tarde de 8 de novembro, na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo. O empresário foi morto com tiros de fuzil. Câmeras de segurança registraram o momento em que os atiradores descem de um carro preto e executam o empresário. Veja:
De acordo com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), Gritzbach foi jurado de morte pelo PCC porque teria mandado matar dois integrantes do grupo criminoso, Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, motorista de Anselmo. Na denúncia, o MPSP diz que o empresário mantinha negócios na área de bitcoins e criptomoedas.
O duplo homicídio ocorreu em 27 de dezembro de 2021 e teria sido cometido em parceria com o agente penitenciário David Moreira da Silva. Noé Alves Schaum, denunciado por ser o executor dos membros do PCC, foi assassinado em 16 de janeiro do ano passado. Além disso, Gritzbach havia fechado um acordo de delação premiada com o MPSP para delatar assuntos ligados à facção paulista.
O governo anunciou a criação de uma força-tarefa para apurar o assassinato no aeroporto no dia 11 de novembro. O grupo conta com representantes da Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Científica. Entre eles, Osvaldo Nico Gonçalves, secretário Executivo da Segurança Pública; Ivalda Oliveira Aleixo, diretora do DHPP; e Pedro Luís de Sousa Lopes, do Setor de Inteligência da Polícia Militar.
Policiais envolvidos
Além de integrantes do PCC, também estão na mira da força-tarefa policiais militares e civis. No momento da execução, um grupo de PMs era encarregado de fazer segurança privada de Gritzbach.
Três deles, no entanto, estavam em um posto de gasolina próximo ao aeroporto quando o ataque começou, supostamente por causa de problemas mecânicos em uma das caminhonetes usadas no transporte do grupo. Oito policiais militares foram afastados de suas funções por trabalharem com o empresário delator do PCC.
No caso dos policiais civis, as suspeitas giram em torno de agentes citados por Gritzbach em sua delação premiada ao Ministério Público de São Paulo. Na delação, o corretor acusou policiais civis que atuavam no DHPP de extorqui-lo para livrá-lo da investigação sobre a morte de Cara Preta. Em 31 de outubro, oito dias antes de ser morto, Gritzbach prestou depoimento à Corregedoria da Polícia Civil e reafirmou as acusações.