ContilNet Notícias

PlatôBR: Lula quer a colheita em 2025 tendo destruído parte da plantação em 2024

Por Isto é Gente

O governo reforçou, nas mensagens deste final de ano, o conceito de que os últimos dois anos de gestão são o período para colher o que se plantou nos dois primeiros. No caso do Lula-3, há um problema na direção escolhida para comunicação oficial: uma parte importante do que foi plantado em 2023 e 2024, foi corroída neste final de ano. Em especial, nos três últimos meses, a âncora econômica de compromisso fiscal ficou abalada, deixando o navio à deriva e com repercussões negativas para economia em 2025 e 2026.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva Foto: REUTERS/Adriano Machado

Enquanto o governo fala em crescimento do PIB (uma forma de medir a produção nacional) “acima das expectativas”, “recorde de empregos gerados” e inflação “controlada e reduzida”, a população vê alta nos preços nos supermercados e índices de inflação acima do teto da meta de 4,5%, além de dólar nas alturas, o que pode comprometer ainda mais o controle dos preços.

De olho no supermercado
Essa fotografia foi registrada nas pesquisas de opinião mais recentes, realizadas no início de dezembro pela Quaest onde, para 78% dos entrevistados, o preço dos alimentos nos mercados subiu em novembro, mês que antecedeu a pesquisa, e 84% dizem que a alta do dólar vai elevar o preço ainda mais. No vídeo de fim de ano oficial, distribuído pela Presidência, fala-se em “inflação controlada e reduzida”.

As pesquisas mais recentes deixam claro um descolamento dos indicadores econômicos da percepção dos brasileiros sobre o governo. É fato que 2024 encerra com crescimento maior do que previsto, acima de 3%, e índice de desemprego em mínima histórica. O problema é que o ano vai virar, também, com a expectativa de mais inflação e menos crescimento em 2025 e 2026. Isso, em parte, é fruto da dificuldade do governo em fazer um ajuste de gastos para equilibrar a dívida pública, o que obrigou o Banco Central a promover um choque de juros.

Com a alta de 3 pontos esperada até março de 2025 na taxa referência para economia (a Selic), o BC aposta que será possível desacelerar o crescimento, controlar a inflação e recuperar parte da credibilidade da equipe econômica que foi perdida neste final de ano, após uma estratégia desastrosa na área fiscal, para divulgar e aprovar no Congresso Nacional o pacote de contenção de gastos.

Com isso, para colher frutos em 2025 e 2026 na economia, Lula e a equipe de governo terão alguns desafios a superar. O principal deles é o de garantir estabilidade econômica, o que exigirá medidas impopulares e sacrifícios, que ministros e o partido do presidente precisarão entender como necessários.

O presidente fez, na última semana, aceno ao mercado financeiro, ao tentar cacifar o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, como o grande fiador da política econômica. O problema é que mais do que palavras, o mercado, agora, cobra atitudes concretas.

Talvez, isso explique uma frase da propaganda oficial de fim de ano em que o governo diz que “não vai parar” enquanto a melhora da economia “não chegar à sua vida, à vida da sua família e de todos os brasileiros”. Mea culpa ou deslize no texto, o tempo dirá. Mas é fato que a frase reforça o que dizem as pesquisas: nesse final de ano, parte da população não considera as melhorias citadas pelo governo como parte da sua vida

Sair da versão mobile