Após quase uma semana foragido, o agente de telecomunicações da Polícia Civil Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho, se entregou à polícia em Santos, no litoral paulista, nesta segunda-feira (23/12).
Ele é apontado em investigação da Polícia Federal (PF) como membro de uma “quadrilha” de policiais, que supostamente atuavam em ações criminosas juntamente com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele também fazia, eventualmente, a segurança do cantor Gusttavo Lima.
Segundo a Delegacia Geral de Polícia, Rogerinho se entregou após negociações com sua defesa.
“O policial foi apresentado na sede do Deinter 6 e será conduzido até a sede da Corregedoria [da Polícia Civil]. A Polícia Civil ressalta que é uma instituição legalista e não compactua com desvios de conduta”, informa nota da Delegacia Geral.
A nota acrescenta que a força-tarefa criada para investigar o homicídio de Gritzbach segue em diligências para esclarecer o caso. “As corregedorias das polícias Civil e Militar colaboram com as apurações para que todos os agentes envolvidos sejam punidos conforme a lei.”
Na terça-feira da semana passada (17/12), o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decretou a prisão temporária de Rogerinho, além do delegado Fábio Baena, do chefe de investigações Eduardo Monteiro, que atuaram no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
Ambos, juntamente com outros dois policiais civis, também presos, estariam envolvidos com lavagem de dinheiro e na morte do corretor de imóveis Vinícius Gritzbach, que dias antes de seu assassinato havia delatado a relação dos policiais com o PCC ao Ministério Público de São Paulo (MPSP).
Patrimônio milionário
Com um salário de pouco mais de R$ 7 mil, Rogerinho é dono de um patrimônio milionário. Ele é sócio de uma clínica de estética, de uma empresa de segurança privada e de uma construtora que ergueu cinco condomínios de 37 casas no litoral sul paulista.
Antes de ser assassinado, com dez tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de São Paulo, em 8 de novembro, Gritzbach afirmou ao MPSP que Rogerinho furtou parte de seus relógios de luxo, com os quais aparece em fotos no Instagram em vários países, como Estados Unidos, Suíça, Grécia e Portugal.
A vida de luxo do policial, como aponta relatório de inteligência financeira, resulta de “operações suspeitas” nas suas empresas. Em um mês, uma das empresas de Rogerinho movimentou pouco mais de R$ 500 mil em 2020, “com indícios de recursos incompatíveis com o patrimônio”.