Sagrado Barro: artista no Acre cria coleção de cerâmica com inspiração na família

Peças únicas são produzidas à mão e tem encantado a população

A arte é uma maneira de expressar o que quem a faz sente, e as artes manuais têm voltado a ser tendência Brasil afora. Buscando trazer a tendência ao Acre, Glads Mourão Batista, idealizadora da Sagrado Barro, que produz peças artesanais.

A arte é passada pela família, assim como Glads fez com Natasha, sua filha/Foto: Vitor Paiva/ContilNet

Glads é aposentada pelo estado, mas sentia que precisava continuar produzindo algo, e pensou em estudar cerâmica para poder dar cursos sobre o assunto, porém os planos não saíram como esperado e dos seus estudos surgiu a loja Sagrado Barro.

O projeto de Glads está em sua segunda coleção, com a inspiração para eles sendo a vontade de  se expressar sobre sua família. A primeira coleção falou sobre a perda de sua avó, já a segunda, fala sobre os espaços deixados ao perder a mãe, e sobre como ele vai se preenchendo com a própria família.

“Minha avó faleceu aí minha mãe assumiu. Assim que minha mãe assumiu ela também fez a passagem. Aí eu tenho que me colocar no lugar tenho que dar continuidade para os rituais de família. No decorrer dessa vida das perdas, dos nossos lutos faz com que a gente se sinta um pouco órfão, mas mas a gente também à medida se sente órfão, se sente preenchida, porque vêm os netos a e aquela responsabilidade de unir todo mundo continuar os rituais. Você vai trazendo tudo aquilo que tu aprendeu com a tua avó e com a tua mãe, então a ideia da metamorfose seria o seu processo de assumir o manto de matriarca”, diz ela, revelando o nome da nova coleção, Metamorfose.

A nova exposição de Glads é chamada Metamorfose/Foto: Vitor Paiva/ContilNet

A artista comenta também que as peças produzidas, por serem feitas a mão, não saem iguais, então mesmo que duas pessoas comprem uma peças da coleção feitas de maneira parecida, nunca serão idênticas, e isso faz com que o comprador leve um pedaço do artista consigo.

“O que ela leva não é mais o valor material, mas é uma parte do artista. O artista pensa muito na pessoa que olha e diz ‘eu vou levar para minha casa’, porque ela tá levando um pouquinho de mim pra ela também, e assim eu sei que toquei aquela pessoa”, conta Glads.

A artista também comentou sobre como realizou o lançamento de suas obras, afirmando que as primeiras vezes que mostrou seu material ao público foram em São Paulo e em Manaus, onde tiveram uma ótima receptividade.

Entretanto, Glads comenta que a ideia de trazer a estreia para Rio Branco não veio dela, e sim de diversos pedidos através das redes sociais. Ela revela que ao verem as peças em exposição, diversos amigos pediram que trouxesse à capital acreana sua exposição, e assim ela o fez, abrindo ao público na sexta-feira (13). O evento segue acontecendo até o fim do mês de janeiro de 2025.

A primeira exposição foi motivada pela perda de sua avó/Foto: Vitor Paiva/ContilNet

Sobre a origem da arte em sua vida, ela diz que vem da própria família, que sempre foi rodeada de cantores, poetas, escultores e que ela sempre tentou passar isso para as próximas gerações, comentando sobre um sobrinho que é apaixonado em observar a lua, assim como sua própria filha, que também se tornou artista e está participando da exposição de lançamento da coleção Metamorfose.

A filha de Glads, Natasha Mesquita, também se tornou artista pela influência da mãe, e conta um pouco sobre o seu tipo de arte e como foi seu início no trabalho com porcelanas.

Minha mãe falou assim ‘eu tive aula de pintura em porcelana e tu vai amar’, e um dia cheguei na casa dela e ela tinha preparado a mesa, ela tinha comprado tudo porcelana a tinta”, conta ela sobre o primeiro contato com a pintura em porcelana, a cerca de seis anos.

Sobre sua arte, ela explica que coloca as frases nas taças, xícaras e copos como algo que você quer pra si, que você vai beber o que estiver ali, como se estivesse bebendo aquela frase junto.

A palavra escrita é a primeira forma de materialização, tu tira do teu plano mental e tu escreve, isso é poderoso a gente acha que é simples, só que não é. É algo mágico que você tá colocando no plano físico”, conta ela sobre as mensagens espalhadas no mundo.

As frases motivadoras no fundo das xícaras inspiram quem as compra/Foto: Vitor Paiva/ContilNet

A arte é importante, mas existe uma parte prática em toda exposição artística, e quem resolve essa parte da operação é Selma Dí Oliveira, a criadora do Meu Santuário, espaço que abriga, não só, a Sagrado Barro e a Eu Evoco, mas também outros artistas parceiros, tanto locais, quanto  de outros estados do país, na Rua Castro Alves nº100, no bairro Bosque, próximo a praça do Juventus.

Selma revela um sobre como surgiu a parceria com Glads e o embrião da ideia de abrir a loja de fato. “A Glads já fazia e vendia  cerâmica no quinarí, mas sentia aquela necessidade de aproximar das pessoas devido a dificuldade de acesso. E aí a gente conversando decidimos colocar em Rio Branco. Eu já tinha o espaço então abrimos aqui”, explicou.

Selma é uma das maiores apoiadoras do projeto com o Meu Santuário/Foto: Vitor Paiva/ContilNet

Ela ainda revela que existem planos para expandir as experiências com arte nos próximos meses e que novidades devem vir em 2025, com uma casa voltada para uma experiência imersiva em arte, mas que vai deixar os maiores detalhes em segredo.

A exposição ocorre no Meu Santuário, na rua Castro Alves, nº100, bairro Bosque, próximo a praça do Juventus e deve ficar aberta até o fim do mês de janeiro.

Veja as imagens:

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