A construção de um santurário dedicado a Lúcifercausou polêmica em Gravataí, cidade localizada no Rio Grande do Sul. O religioso Lucas Martins, autoentitulado Mestre Lukas de Bará da Rua, colocou uma estátua de mais de 5 metros da divindade no espaço, mas o local foi interditado e teve sua inauguração suspensa. Segundo ele, a decisão é um ato de “perseguição religiosa”.
A interdição aconteceu no dia 13 de agosto e, até hoje, o espaço nunca funcionou. À época, cinco viaturas da Guarda Municipal estacionaram no terreno de 50 mil metros quadrados com um mandado judicial para impedir o líder realizasse eventos lá. Neste mês, a Justiça manteve a decisão “até sua regularização administrativa junto aos órgãos competentes, sob pena multa de R$ 50 mil por dia de descumprimento”.
Segundo a Justiça do Rio Grande do Sul, por meio da 4ª Vara Cível Especializada em Fazenda Pública da Comarca de Gravataí, a interdição do santuário foi determinada com base na ausência de alvará de funcionamento, Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) e CNPJ constituído. Lucas Martins, porém, afirmou ao Globo que tem todos os documentos registrados no cartório, exceto o alvará.
“Falta interesse das autoridades para verificarem que nós temos a ata de constituição, estatuto e CNPJ. Tudo registrado em cartório. Esses documentos, inclusive, já foram apresentados à prefeitura. Existe uma grande má vontade. É perseguição religiosa”, declarou.
Em entrevista ao g1, o líder religioso, um dos representantes da Nova Ordem de Lúcifer na Terra, alegou que o nome Lúcifer não está associado ao diabo, como acreditam os cristãos.
“Para nós, Lúcifer é um deus que, assim como tantos outros, foi demonizado pela Igreja Católica. Lúcifer é o portador da luz, do autoconhecimento”, disse.
Polêmica na cidade
A criação do santuário gerou revolta entre políticos e moradores. Segundo Martins, o prefeito de Gravataí se posicionou publicamente contra a instalação do templo, bem como outras pessoas que associaram a religião a algo demoníaco.
Em nota, a gestão afirmou que o pedido para o funcionamento do espaço “encontra-se sob análise do Conselho Municipal do Povo de Terreiro, colegiado ao qual caberá decisão sobre eventual deferimento ou não da solicitação.” A apreciação do tema deve acontecer em 2025.
Os seguidores da Nova Ordem de Lúcifer participam de reuniões duas vezes por mês. Nestes dias, eles fazem estudos voltados ao conhecimento.
“Quando falamos em inaugurar um templo dedicado a Lúcifer, disseram que iam botar fogo na gente e dar tiro. Com isso tudo que está acontecendo, vimos que a laicidade do Estado e o combate à intolerância religiosa estão só no papel”, relatou Martins ao Globo.