Se sancionado por Lula, projeto que limita uso de celulares nas escolas começa a valer no próximo ano letivo

Texto restringe o uso do celular para fins didáticos, de acessibilidade ou para a segurança do próprio aluno

O Senado aprovou nesta quarta-feira (18) o projeto que limita o uso de celulares nas escolas públicas e privadas de todo o país. O texto, antes de virar lei, precisará da sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Se sancionado por Lula, projeto que limita uso de celulares nas escolas começa a valer no início do próximo ano letivo. Foto: Arquivo/EBC

A regra, de acordo com a proposta, valerá para educação básica — que abrange pré-escola, ensino fundamental e ensino médio. O texto proíbe o uso dos smartphones durante a aula, mas também no recreio ou nos intervalos entre os cursos.

O que diz a proposta?

O texto aprovado pelo Senado permite o porte do celular pelos estudantes do ensino básico, mas estabelece que o uso só será possível em casos excepcionais, como situações de perigo, necessidade ou de força maior.

A proposta também possibilita o uso de aparelhos eletrônicos pessoais em sala de aula para:

  • fins estritamente pedagógicos ou didáticos, conforme orientação do professor;
  • garantir a acessibilidade e a inclusão;
  • atender às condições de saúde dos estudantes e assegurar “direitos fundamentais” dos alunos.

Propostas semelhantes foram aprovadas em diferentes estados do Brasil

Em São Paulo, por exemplo, os aparelhos celulares devem ser guardados de forma que os alunos não tenham acesso a eles e o uso será proibido para todo o período em que o aluno fica na escola, incluindo os intervalos entre as aulas, recreios e atividades extracurriculares.

A medida começa a valer no estado no início do próximo ano letivo

O relator no Senado, Alessandro Vieira (MDB-SE), citou, para defender a proposta, relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) de 2022, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

De acordo com o documento, “alunos que usam smartphones ou outros dispositivos digitais por mais de 5 horas diárias se saíram pior na prova que aqueles que passaram apenas uma hora ou menos por dia utilizando esses aparelhos. Quem usa menos, assim, obteve, na média da OCDE, 49 pontos a mais em matemática do que os que passam (muito) mais tempo conectados”.

  • Segundo o relatório do PISA, 65% dos estudantes, dos 690 mil avaliados, afirmaram ficar distraídos nas aulas de matemática devido aos aparelhos portáteis.
  • No Brasil, o percentual foi de 80%, bem acima de Japão (18%) e Coreia (32%).

Alessandro Vieira afirmou ainda que o consumo dos conteúdos das redes sociais em excesso está ligado a “distúrbios de ansiedade, transtornos alimentares e depressão”.

Regulamentação

O projeto, de autoria do deputado Alceu Moreira (MDB-RS), tramita na Câmara desde 2015. O assunto ganhou mais força quando o Ministério da Educação informou que estava preparando uma medida para proibir o uso de celulares em escolas públicas.

Em outubro, o ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que apoiava o projeto e que o texto incluía o que defende o governo Lula. A expectativa do governo é que a medida já passe a valer no início do próximo ano letivo.

Santana explicou nesta quarta que a regra, após virar lei, precisará de uma regulamentação. De acordo com ele, um prazo será estipulado para que as escolas se adaptem, mas as que quiserem já poderão aplicar a norma a partir de fevereiro.

“Nós vamos aproveitar já o mês de janeiro pra traçar todas as orientações, diretrizes para as redes, mas vamos ter que dar um prazo para que as redes possam implementá-las”, disse o ministro.

Ele afirmou que detalhes, como se o estudante poderá guardar o celular dentro da mochila ou se os aparelhos serão recolhidos, ainda serão definidos, porque dependem de elementos como a estrutura da escola e a capacidade de fiscalização.

“A gente vai procurar construir esse modelo dentro da escola, contanto que o aparelho celular só possa ser utilizado ou para uma aula com orientação do professor, uso coletivo. A ideia é não poder usar como uso individual, fora das matérias das disciplinas ou do conteúdo pedagógico da escola”, explicou.

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