Durante entrevista ao podcast Em Cena, do ContilNet, nesta segunda-feira (17), o secretário de Educação, Aberson Carvalho, criticou o projeto de lei que insere a Bíblia nas escolas. O texto, de autoria do vereador Arnaldo Barros, foi aprovado na Câmara Municipal de Rio Branco e sancionado pelo prefeito Tião Bocalom.
“A gente está vivendo uma sociedade patológica. Ter a Bíblia na escola não é um problema, a obrigatoriedade é o problema. É disso que o projeto fala: de obrigatoriedade. A gente precisa entender que o Estado é laico. Eu sou cristão e entendo que Jesus veio ao mundo para nos salvar, mas não posso impor minha religião para as pessoas. As grandes guerras no mundo tiveram cunho religioso. A gente não pode ter esse Estado xiita, extremista, que não une, que desagrega e que não há comunhão. Eu começo a ver patologias nesse país e no mundo. A gente tem buscado os extremos quando o centro é a convergência. Podemos conviver todo mundo no mesmo espaço”, disse Aberson.
A medida, aprovada pela Câmara Municipal, visa permitir que a Bíblia seja usada como um recurso facultativo de estudo, atendendo a abordagens históricas, filosóficas, sociológicas, culturais e arqueológicas. O Ministério Público do Estado (MPAC) foi contrário à proposta por entender que fere os princípios constitucionais da laicidade, com base no mesmo entendimento recente do Supremo Tribunal Federal (STF).
“A escola não é espaço para isso. A escola é o ambiente da ciência, e a ciência não tem religião”, acrescentou o secretário.
O gestor ressaltou que questões que envolvem valores e religião são de responsabilidade da família.
“Você precisa ensinar aos estudantes todos os movimentos religiosos. Olha como é incrível: a gente busca colocar a Bíblia nas escolas e esquece de que o Acre criou o Santo Daime. Olha que precioso. É nossa identidade, nossa história. Como negar as concepções de mundo que não são as minhas? O ambiente da escola é para a gente discutir ciência, a relação de ensino-aprendizagem. Questões de valores e religião cabem ao papai e à mamãe. Se a gente tiver essa grandeza de que professor não é pai nem mãe, a gente vai avançar muito na qualidade da educação e em uma sociedade melhor”, finalizou.
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