A saúde pública brasileira enfrenta desafios complexos com relação às doenças que mais causam mortes no país. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,5 milhão de brasileiros morrem a cada ano, sendo que quase um terço dessas mortes é causado por apenas oito enfermidades específicas.
As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de óbito, seguidas por infecções respiratórias, câncer e condições metabólicas. No Brasil, doenças como infarto agudo do miocárdio, pneumonia e diabetes representam um grande impacto na taxa de mortalidade, exigindo medidas preventivas urgentes para reduzir esses números alarmantes.
Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, apontam que em 2023, essas oito doenças foram responsáveis por 423,2 mil mortes, representando 28,9% do total de óbitos registrados no ano.
Esse percentual mostra a gravidade do problema e a necessidade de políticas de prevenção e diagnóstico precoce. Entre janeiro e agosto de 2024, já foram contabilizadas 257 mil mortes por essas enfermidades, reforçando a importância de medidas eficazes para reduzir esse índice.
O impacto dessas doenças na sociedade brasileira vai além das estatísticas. O alto custo com hospitalizações, tratamentos contínuos e perda de produtividade são fatores que reforçam a necessidade de ações preventivas. Mudanças no estilo de vida, acesso a tratamentos médicos adequados e campanhas de conscientização podem contribuir para minimizar os riscos e melhorar a qualidade de vida da população.
Infarto e doenças cardiovasculares lideram causas de morte
O infarto agudo do miocárdio, popularmente conhecido como ataque cardíaco, foi responsável por aproximadamente 94 mil mortes no Brasil em 2023. A condição ocorre quando o fluxo sanguíneo para o coração é interrompido, geralmente por um coágulo ou obstrução arterial causada pelo acúmulo de placas de gordura. Essa obstrução leva à morte de células cardíacas, podendo resultar em complicações fatais.
A hipertensão arterial, considerada um dos maiores fatores de risco para doenças cardiovasculares, foi responsável por 34,3 mil mortes no Brasil no mesmo período. Trata-se de uma condição silenciosa, que muitas vezes só é descoberta após complicações graves, como infarto, AVC ou insuficiência cardíaca. O acidente vascular cerebral (AVC), outra grave consequência da pressão alta não controlada, registrou 33,8 mil óbitos no país em 2023.
A insuficiência cardíaca, que ocorre quando o coração não consegue bombear sangue adequadamente para o corpo, levou à morte de 30,9 mil brasileiros no último ano. Essa condição pode ser causada por diversas doenças, incluindo hipertensão e diabetes, tornando a prevenção e o tratamento precoce essenciais para reduzir a mortalidade.
Fatores de risco para doenças cardiovasculares:
- Tabagismo e consumo excessivo de álcool
- Dieta rica em gorduras saturadas e açúcar
- Sedentarismo e obesidade
- Estresse e falta de controle emocional
- Histórico familiar e predisposição genética
Medidas preventivas essenciais:
- Prática regular de exercícios físicos
- Alimentação equilibrada, com baixo teor de sódio e gordura
- Controle da pressão arterial e dos níveis de colesterol
- Consultas médicas regulares para acompanhamento da saúde cardiovascular
- Redução do consumo de álcool e eliminação do tabagismo
Doenças respiratórias e seu impacto na mortalidade
A pneumonia, considerada uma das principais causas de morte por infecção no mundo, vitimou 85,2 mil brasileiros em 2023. A doença afeta os pulmões, causando inflamação e acúmulo de líquidos, o que compromete a capacidade respiratória. Os principais grupos de risco incluem idosos, crianças, imunossuprimidos e pacientes com doenças respiratórias crônicas.
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), associada principalmente ao tabagismo, causou 43,4 mil óbitos no Brasil no último ano. Essa condição progressiva resulta na destruição dos alvéolos pulmonares, dificultando a troca de oxigênio e agravando outras comorbidades, como insuficiência cardíaca.
O câncer de pulmão, que matou 31,1 mil brasileiros em 2023, tem forte associação com o consumo de tabaco. Estima-se que 70% dos casos estejam ligados ao hábito de fumar, embora a exposição à poluição e a fatores genéticos também possam desempenhar um papel significativo.
Principais formas de prevenção das doenças respiratórias:
- Vacinação contra gripe e pneumonia, especialmente para grupos de risco
- Abandono do tabagismo e do uso de cigarros eletrônicos
- Manutenção da qualidade do ar em ambientes internos
- Uso de máscara em locais com alta concentração de poluentes
- Hidratação adequada e boa alimentação para fortalecer o sistema imunológico
Diabetes: uma das doenças metabólicas mais letais
O diabetes mellitus, que provocou 70,4 mil mortes no Brasil em 2023, é uma das doenças crônicas que mais cresce no país. A condição, caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue, está diretamente relacionada ao estilo de vida da população. A diabetes tipo 2, responsável por 95% dos casos, tem como principais fatores de risco o sedentarismo, a obesidade e a má alimentação.
Além das complicações cardiovasculares, o diabetes pode levar a insuficiência renal, amputações de membros e problemas neurológicos graves. O diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento são fundamentais para evitar complicações severas.
Estratégias para prevenir o diabetes:
- Controle do peso corporal por meio de alimentação saudável
- Prática de atividade física regular
- Monitoramento frequente dos níveis de glicose
- Redução do consumo de carboidratos refinados e açúcares
- Acompanhamento médico regular para controle da doença
Medidas coletivas para reduzir a mortalidade
Além das estratégias individuais, políticas públicas eficazes são fundamentais para reduzir as mortes causadas por essas doenças. Campanhas de conscientização, ampliação do acesso a exames preventivos e investimentos em atenção primária são essenciais para promover a saúde da população.
Ações prioritárias no combate às doenças mais letais:
- Implementação de programas de incentivo à alimentação saudável
- Expansão do acesso a medicamentos essenciais pelo SUS
- Campanhas educativas sobre os riscos do tabagismo e do álcool
- Melhoria na infraestrutura hospitalar para tratamento precoce de doenças crônicas
- Fortalecimento de programas de vacinação e rastreamento de câncer
O Brasil enfrenta desafios significativos na prevenção e tratamento das doenças que mais causam mortes. O combate eficaz a essas enfermidades depende de ações conjuntas entre governo, profissionais de saúde e a própria população. A adoção de hábitos saudáveis, o diagnóstico precoce e a adesão a tratamentos médicos são passos fundamentais para reduzir os índices alarmantes de mortalidade no país.