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CV mantinha cemitério clandestino; polícia encontra 12 corpos

Por Metrópoles

A Polícia Civil de Mato Grosso descobriu a existência de um cemitério clandestino vinculado à facção criminosa Comando Vermelho (CV), em Lucas do Rio Verde (MT), cidade que fica a 332 quilômetros da capital Cuiabá. No local, foram encontradas, até então, seis ossadas humanas e seis cadáveres, contabilizando 12 vítimas.

O que aconteceu:

As suspeitas em torno da existência de um cemitério clandestino na cidade começaram em 2024, depois da recorrência de denúncias de casos de sequestros, desaparecimentos e até mortes, sem a devida localização da vítima. Na sexta-feira (10/1), após novas buscas, a polícia chegou ao local exato: uma área de mata que fica nos fundos do bairro Tessele Júnior.

No mesmo dia, 11 corpos foram encontrados. Eles estavam enterrados em covas próximo uma das outras e com as pernas e mãos amarradas, o que indica, segundo a investigação, a prática de tortura antes dos assassinatos. A última ossada foi localizada nessa segunda-feira (13/1) por uma equipe do Corpo de Bombeiros, que seguiu trabalhando no local, com ajuda de um cão farejador.

Veja:

 

Até o momento, quatro vítimas foram identificadas. São elas: Rafael Pereira de Souza, de 34 anos, natural de Rondonópolis (MT); Wilmer Alex de Oliveira Silva, 29 anos, de Poxoréu (MT); Mateus Bonfim de Souza, 18, de Lucas do Rio Verde (MT); e o venezuelano Andris David Mattey Nadales, 19, que teria se mudado para a região para trabalhar em um frigorífico.

Nesses casos, segundo o delegado da cidade, Allan Vitor Sousa da Mata, a identificação foi rápida, pois os corpos estavam em melhor estado de conservação e foi possível fazer a análise das impressões digitais. Os quatro eram considerados desaparecidos. A Perícia Oficial e Identificação Técnica de Mato Grosso (Politec) prossegue com o trabalho para identificar as demais vítimas.

Divulgação/Polícia Civil de Mato Grosso

Cemitério funcionava desde 2022, diz polícia

A polícia acredita que o cemitério clandestino tenha sido utilizado pelos integrantes da facção desde 2022, pelo menos. Além do nível de decomposição dos corpos e das ossadas, que revela o efeito do tempo, a localização facilitava a logística dos assassinatos. “É um local próximo da cidade. O que separa a mata do bairro é somente uma via de mão dupla”, diz o delegado.

Allan Vitor relatou ao Metrópoles que os agentes chegaram a fazer buscas na mesma mata, no ano passado, mas não conseguiram encontrar nada. “É uma área muito extensa, e de mata fechada”, descreve. Desta vez, no entanto, a investigação chegou ao ponto exato. A presença de colchões abandonados, vestimentas, cordas e alimentos facilitaram a descoberta.

Nas primeiras escavações, os policiais encontraram três corpos. Diante da suspeita de que poderia haver mais cadáveres, eles solicitaram o apoio dos bombeiros e da Politec para isolar a área e expandir as buscas. “As covas estavam bem próximas, no mesmo ponto. Tanto que o Corpo de Bombeiros ampliou as escavações para até 100 metros lateralizados e não encontrou mais nada”, conta Allan.

Presença do Comando Vermelho

Lucas do Rio Verde é uma das dezenas de cidades de Mato Grosso com presença de facções criminosas. Há uma certa predominância e domínio do Comando Vermelho, mas o estudo Cartografias da Violência na Amazônia, divulgado no final de 2024 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, colocou o município entre os que enfrentam a guerra entre CV e Primeiro Comando da Capital (PCC).

O delegado do município diz desconhecer o contexto de disputa, apontando, apenas, o domínio do CV. Os motivos que levaram aos assassinatos, segundo ele, variam entre vingança, venda de drogas sem autorização da facção, suspeita de participação em outras facções, gestos com a mão relacionados a grupos rivais, dentre outros.

Após a descoberta do cemitério clandestino, a investigação segue na identificação de cada um dos cadáveres para que seja possível fazer a devida vinculação criminosa e individualização dos casos. Allan Vitor diz que já existem alguns suspeitos identificados. Os mandantes, segundo ele, são líderes do CV que vivem em outras cidades, mas que acompanham e ordenam tudo por chamadas de vídeo.

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