A ciência pode finalmente ter encontrado um caminho para curar a Covid longa, a manifestação dos sintomas recorrentes meses ou até anos depois da infecção original por Covid-19.
Um estudo publicado na Nature Communications Medicine nesta terça-feira (7/1) indicou que o Paxlovid, um medicamento criado para combater a Covid-19, pode ser eficaz contra a condição.
A pesquisa documentou a experiência de 13 indivíduos que seguiram tratamentos prolongados de Paxlovid, e todos relataram melhora temporária nos sintomas. Cinco deles afirmaram não ter mais os problemas depois do uso do remédio. Um paciente, porém, interrompeu o tratamento devido a dores de estômago severas.
A Covid longa é uma condição crônica na qual os sintomas da infecção persistem por mais de 12 semanas após a fase aguda da doença ou voltam a aparecer de forma perene. Segundo o estudo Epicovid, realizado com pacientes brasileiros, entre os sintomas mais persistentes estão ansiedade (33,1%), cansaço (25,9%), dificuldade de concentração (16,9%) e perda de memória (12,7%). Podem ainda aparecer dificuldades motoras, palpitações, dores musculares e tosse crônica.
O Paxlovid, que combina os antivirais nirmatrelvir e ritonavir, é indicado para pacientes com Covid-19 não grave que apresentam alto risco para agravamento da doença até cinco dias depois do início dos sintomas. O tratamento busca evitar o agravamento da enfermidade, especialmente em pessoas com fatores de risco e menor resposta vacinal. Ele é distribuído no Sistema Único de Saúde (SUS).
O uso do Paxlovid contra a Covid longa
Embora houvesse evidência clínica de que o medicamento pudesse evitar o desenvolvimento da Covid longa, este é um dos primeiros estudos sobre o uso da fórmula em cursos mais longos para tratar sintomas crônicos da condição.
Entre os casos relatados, um homem de 51 anos com sintomas persistentes como fadiga, confusão mental e zumbido relatou melhora drástica após um uso de 15 dias do medicamento. Uma mulher de meia-idade que sofria de dificuldades respiratórias e dores musculares desde 2020 também relatou melhoras significativas após 10 dias de tratamento.
Os resultados variáveis do estudo sugerem que o coronavírus pode criar reservatórios virais em alguns pacientes, mantendo pequenas cópias de seus agentes infecciosos nas células. Esta é uma hipótese que justificaria a persistência dos sintomas da doença mesmo com a aparente cura.