Uma jovem britânica de 20 anos, com alergia severa a castanha-do-pará, sofreu uma rara reação alérgica após ter uma relação sexual com seu namorado. Ela apresentou urticária difusa e leve falta de ar.
O caso inusitado relatado em estudo chamou a atenção dos especialistas, pois o namorado consumiu um mix de castanhas cerca de duas a três horas antes do sexo. Ele seguiu todas as precauções recomendadas, que incluem um banho completo e a escovação minuciosa dos dentes e unhas.
A ocorrência foi registrada em artigo científico em 2007, tendo sido divulgada nesta quarta-feira (8) no site Live Science. A paciente deste relato havia sido diagnosticada com alergia a castanhas-do-pará dois anos antes, após episódios de urticária e angioedema (inchaço nos olhos, lábios e garganta).
Exames confirmaram que a alergia era restrita à oleaginosa. Como parte do tratamento, ela foi orientada a evitar o consumo desse alimento e a informar parentes e amigos sobre a necessidade de precauções para prevenir a exposição a alérgenos.
Seguindo essas recomendações, seu namorado tomou banho, escovou os dentes e limpou cuidadosamente as unhas antes de encontrá-la, após ter ingerido castanhas. No entanto, durante a relação sexual, não foi utilizado preservativo, uma vez que a jovem optava pelo uso de pílulas anticoncepcionais.
Pouco depois, ela precisou ser hospitalizada com sintomas de reação alérgica e recebeu os medicamentos apropriados para o tratamento do quadro.
Como o sexo desencadeou a reação alérgica?
A hipótese inicial dos especialistas era de que proteínas das castanhas consumidas poderiam estar presentes no sêmen do parceiro. Para verificar essa possibilidade, foi realizado um teste de puntura cutânea na paciente, que envolve fazer pequenas perfurações no antebraço e aplicar a substância potencialmente alergênica para observar a resposta do organismo.
O teste foi conduzido utilizando o sêmen do namorado antes e cerca de 2h30 após ele consumir quatro castanhas-do-pará.Como resultado, os médicos notaram uma reação alérgica evidente na pele da jovem após o contato com o esperma, confirmando a presença do alérgeno.
O casal recebeu orientações para manter anti-histamínicos e uma caneta de adrenalina sempre à mão e evitar relações sexuais caso o parceiro tivesse consumido castanhas-do-pará recentemente. No entanto, essas precauções foram seguidas por pouco tempo, pois o relacionamento terminou pouco depois, limitando o acompanhamento do caso.
Esse foi o primeiro relato de uma reação alérgica transmitida pelo contato com o sêmen. No relatório de caso, a equipe médica mostra interesse em estudar mais casos de anafilaxia após relações sexuais.
“Seria interessante investigar se outras proteínas alimentares podem ser secretadas no sêmen e representar um risco para indivíduos sexualmente ativos com alergias alimentares graves”, escrevem os autores.