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Mulheres acusam criador de ‘Sandman’ de forçá-las a fazer sexo violento e lamber as próprias fezes

Por O Globo

Novos detalhes sobre acusações de abuso sexual envolvendo o renomado autor britânico Neil Gaiman, de 64 anos, vieram à tona em uma reportagem investigativa publicada nesta segunda-feira (13) pela New York Magazine. Em julho do ano passado, uma série de mulheres denunciaram o mestre da literatura fantástica de agressão sexual em entrevistas veiculadas no podcast britânico Tortoise Media. Agora, a repórter Lila Shapiro apurou detalhes perturbadores relatados pelas mulheres, que acusam o autor de “Sandman” de comportamento coercitivo, assédio e agressões sexuais, frequentemente em contextos que envolvem uma aparente exploração de poder e vulnerabilidade.

Neil Gaiman, autor de ‘Sandman’ — Foto: Rozette Rago/The New York Times

A reportagem traz mensagens de texto, passagens de diário e depoimentos de testemunhas que mostram Gaiman usando a sua posição de prestígio para manipular e explorar sexualmente fãs e colegas. Em muitos casos, as relações envolveram práticas não consensuais de dominação sexual. Algumas das mulheres acusam o autor de ultrapassar os limites do consentimento mesmo ao invocar elementos de BDSM, que dependem de regras claras e respeito mútuo.

Este cenário, conhecido muitas vezes como “consentimento não consensual”, teria sido desrespeitado por Gaiman com frequência. Kendra Stout, que conheceu o autor em 2003 quando tinha 18 anos , descreve experiências sexuais dolorosas e não consensuais, alegando que Gaiman insistia em práticas dominadoras que causavam desconforto físico. Ele também teria exigido que ela o chamasse de “mestre” e a agredido com um cinto durante os encontros. Stout afirma que nunca teve interesse em práticas de BDSM antes do relacionamento e que desenvolveu infecção urinária por conta das relações.

A jovem Scarlett Pavlovich, que atuou como babá para Gaiman e sua ex-esposa, Amanda Palmer, também relatou episódios de abuso. Em um deles, o escritor teria batido em Pavlovich com seu cinto e tentado iniciar sexo anal sem lubrificação.

“Depois que ela disse ‘não’, Gaiman recuou brevemente e foi para a cozinha”, descreve a repórter Lila Shapiro. “Quando ele voltou, trouxe manteiga para usar como lubrificante. Ela continuou a gritar até que Gaiman terminasse. Quando acabou, ele a chamou de ‘escrava’ e ordenou que ela o ‘limpasse'”.

Pavlovich tentou protestar, mas Gaiman indagou se a babá estaria “desafiando o seu mestre”. “Eu tive que lamber minha própria merda”, contou Pavlovich à reportagem.

Gaiman teria cometido todos estes abusos ao longo dos seus 40 anos. Na época, ele morava entre os Estados Unidos, o Reino Unido e a Nova Zelândia. Segundo as vítimas, a ex-mulher do escritor, Amanda Palmer, estava presente durante alguns desses episódios. Ela teria inclusive aceitado de passar por terapia de casal após Gaiman supostamente engravidar uma fã.

A defesa de Gaiman, por meio de seus representantes, negou as acusações, alegando que os relacionamentos descritos foram consensuais.

Além das acusações, a reportagem também critica a resposta institucional. Mesmo após as denúncias, projetos relacionados às obras de Gaiman continuam em desenvolvimento, como a segunda temporada de “The Sandman” na Netflix.

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