O Oscar 2025 marca um momento histórico para o cinema brasileiro com as indicações de “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, nas categorias Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz para Fernanda Torres.
Pela primeira vez, um filme nacional em língua portuguesa é indicado ao prêmio de Melhor Filme, consolidando o Brasil como um importante participante no cenário cinematográfico global. Essa conquista reforça a relevância de narrativas brasileiras em competições de prestígio internacional e destaca a qualidade do trabalho de artistas, produtores e cineastas do país.
“Ainda Estou Aqui” é baseado na autobiografia de Marcelo Rubens Paiva e explora a vida de Eunice Paiva, interpretada de forma brilhante por Fernanda Torres. O enredo gira em torno da luta de Eunice durante a ditadura militar brasileira após o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, ex-deputado federal que foi preso e morto pelo regime. A narrativa emotiva e impactante atraiu a atenção mundial desde sua estreia no Festival de Veneza, em setembro de 2024, onde recebeu elogios pela profundidade de sua história e pela performance marcante de sua protagonista.
Fernanda Torres, aos 59 anos, foi amplamente reconhecida por sua atuação, que lhe rendeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama em janeiro de 2025. Esse reconhecimento abriu caminho para sua indicação ao Oscar, tornando-a uma das principais figuras do Brasil na competição. A cerimônia, marcada para o dia 2 de março no Teatro Dolby, em Los Angeles, promete ser um evento memorável para os brasileiros.
Walter Salles e sua contribuição ao cinema
Walter Salles, renomado diretor brasileiro, já teve outras oportunidades de representar o Brasil no Oscar, como em 1999, com “Central do Brasil”, e em 2005, com “Diários de Motocicleta”. Em “Ainda Estou Aqui”, ele mais uma vez demonstra sua capacidade de contar histórias profundamente humanas e universais, explorando temas de memória, resistência e justiça. O filme é um exemplo de como o cinema pode ser uma ferramenta poderosa para revisitar e refletir sobre eventos históricos.
Salles reuniu uma equipe de talentos para dar vida a essa produção. A fotografia cuidadosa, a trilha sonora comovente e a direção precisa criaram um filme que é tanto um documento histórico quanto uma peça artística de destaque. Esses elementos foram essenciais para capturar a essência do período retratado e transmitir a força emocional da história de Eunice Paiva.
Como funciona o processo de votação no Oscar
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela premiação, é composta por aproximadamente 10.900 membros, dos quais 9.900 estão habilitados para votar. Os membros da Academia são divididos em ramos específicos, como atores, diretores, roteiristas e editores. A maioria das categorias do Oscar é indicada por membros do ramo correspondente. Por exemplo, atores indicam atores e diretores indicam diretores. No entanto, categorias como Melhor Filme Internacional e Melhor Longa de Animação têm regras especiais de votação.
O processo de apuração dos votos é rigoroso e envolve a supervisão da PricewaterhouseCoopers, empresa de auditoria responsável por manter os resultados confidenciais até a noite da premiação. Apenas dois auditores têm acesso aos resultados finais, que são revelados durante a cerimônia ao vivo.
Presença brasileira na Academia
Atualmente, o Brasil conta com 53 membros na Academia, entre eles atores, diretores, produtores, roteiristas e músicos. Nomes como Fernanda Montenegro, Wagner Moura, Kleber Mendonça Filho e Selton Mello estão entre os representantes do país. Essa presença reflete o reconhecimento crescente do talento brasileiro na indústria cinematográfica internacional.
A diversidade de profissionais brasileiros na Academia também destaca a riqueza das produções nacionais. De diretores renomados como Anna Muylaert e Laís Bodanzky a músicos como Carlinhos Brown, a contribuição brasileira abrange diversas áreas do cinema. Recentemente, a Academia perdeu o músico Sérgio Mendes, falecido em 2024, mas sua influência continua sendo lembrada.
Os indicados e a competição acirrada
“Ainda Estou Aqui” enfrenta concorrentes de peso na categoria Melhor Filme, como “Emilia Pérez”, “O Brutalista” e “Wicked”. O filme francês “Emilia Pérez” lidera as indicações com 13 categorias, enquanto “O Brutalista” e “Wicked” aparecem com 10 cada. Essa competição reflete a diversidade e a qualidade das produções cinematográficas deste ano.
Além disso, a categoria Melhor Filme Internacional inclui obras que representam diferentes perspectivas culturais e históricas, mostrando a riqueza do cinema mundial. A presença de “Ainda Estou Aqui” nessa categoria reforça a importância das produções brasileiras em destacar questões locais com apelo universal.
A importância de ‘Ainda Estou Aqui’ para o Brasil
“Ainda Estou Aqui” vai além de um simples reconhecimento artístico. O filme é um poderoso lembrete do passado sombrio da ditadura militar no Brasil e da luta de indivíduos como Eunice Paiva por justiça e memória. Ao trazer essa história para o público internacional, a produção contribui para o diálogo sobre direitos humanos e democracia.
A recepção calorosa do filme também destaca a força do cinema como ferramenta de transformação social. Ao alcançar um público global, “Ainda Estou Aqui” ajuda a ampliar o entendimento sobre a história brasileira e a importância de preservar a memória coletiva.
Principais momentos da produção
- Estreia em Veneza: O filme foi apresentado pela primeira vez no Festival de Veneza, em setembro de 2024, onde recebeu aclamação da crítica.
- Reconhecimento internacional: Após a estreia, “Ainda Estou Aqui” participou de outros festivais de cinema, ganhando prêmios e consolidando sua posição como um dos favoritos ao Oscar.
- Indicação ao Globo de Ouro: Fernanda Torres conquistou o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama, um marco para o cinema brasileiro.
- Preparação para o Oscar: A equipe do filme, liderada por Walter Salles, participou de eventos e campanhas promocionais para garantir o apoio dos membros da Academia.
Curiosidades sobre ‘Ainda Estou Aqui’
- Fernanda Torres passou meses estudando a vida de Eunice Paiva para interpretar o papel com autenticidade.
- Walter Salles trabalhou com historiadores e consultores para garantir a precisão dos eventos históricos retratados no filme.
- A trilha sonora do filme foi composta por Antonio Pinto, conhecido por seus trabalhos em “Cidade de Deus” e “Amy”.
A expectativa para a cerimônia
Com a cerimônia do Oscar marcada para 2 de março de 2025, no Teatro Dolby, as atenções estão voltadas para “Ainda Estou Aqui” e suas indicações históricas. A apresentação será conduzida por Conan O’Brien, garantindo uma noite de entretenimento e celebração do cinema mundial.
A trajetória do filme até o Oscar já é uma vitória para o cinema brasileiro, que continua a conquistar reconhecimento internacional. Independentemente do resultado, “Ainda Estou Aqui” simboliza um marco na história cultural do Brasil e inspira futuras gerações de cineastas e artistas.