A morte de José de Nazaré da Silva Lima, de 52 anos, que aconteceu na manhã do último sábado (1) em uma residência localiza na Travessa Curió, no bairro Distrito Industrial, setor C, em Rio Branco, tem causado questionamentos por parte sua família, com relação à versão inicial pelos autores do crime, à polícia.
De acordo com informações da polícia, José teria tido um surto psicótico após comprar carne e temperos na Baixada da Sobral, percorrido cerca de 15 km de bicicleta e invadido uma casa onde morava uma família evangélica. No local, ele teria iniciado uma discussão política com o morador, o que resultou em uma luta corporal. Durante o confronto, o dono da casa, com a ajuda do filho, desferiu golpes de faca na vítima, que morreu no local.

José foi morto a facadas no último sábado/ Foto: Reprodução
No entanto, essa versão do caso foi contestada por Eduardo Paulino, filho de José, que afirma que seu pai não invadiu a residência e que os fatos precisam ser mais bem investigados. Em conversa com a reportagem do ContilNet, Eduardo destaca que José possuía um histórico de transtorno bipolar e depressão, com diagnóstico médico inclusive, mas que nunca teve comportamento agressivo ao ponto de atacar alguém fisicamente.
“Ele era uma pessoa com bipolaridade, tinha um transtorno bipolar, tinha depressão. E aí, entrava em transtorno de mania. Mas a gente tinha consciência de que ele não invadiria lugar nenhum. Ele estava em mania, mas ele tinha a consciência de alguns dos próprios atos”, afirma.
A mania é um estado de grande agitação, energia e impulsividade, comum no transtorno bipolar. A pessoa pode falar muito, dormir pouco, ter ideias grandiosas e comportamentos arriscados. Em casos mais graves, pode perder a noção da realidade. O tratamento é feito com acompanhamento médico e medicação.
Eduardo também questionou a suposta invasão à casa, afirmando que José conhecia os moradores e que na semana anterior teria jogado vôlei com um deles. Segundo Eduardo, o pai foi até o local para conversar com o dono da casa, identificado como Manoel, quando um assunto político surgiu.
“Essas pessoas, inclusive, jogaram vôlei com ele na semana anterior. Ele estava jogando vôlei em algum lugar lá pelo Universitário ali. E essas pessoas já o conheciam. Então, ele não invadiu a casa, ele chegou lá pra conversar com o mais velho, o pai lá do menino, e aí, nessa conversa, eles tocaram no assunto de política. E aí, ele viu que meu pai realmente estava alterado. Isso a gente não nega que ele estava muito agitado naquele dia. Parece que pediu pra ele sair de lá e o pai não quis sair. E aí, em algum momento, eles tocaram no assunto política. Que foi quando meu pai perguntou se ele era Lula ou era Bolsonaro”, conta.
O rapaz contou que por mais que seu pai possa ter dito palavras duras, não acredita que seu pai possa ter agredido fisicamente alguém, e contesta a versão dada pelos autores, de legítima defesa.
“Nisso, nessa discussão, acho que o cara se sentiu ofendido e foi pra cima do meu pai. E aí, começou uma luta corporal. O filho, pelo que eu fiquei sabendo, tentou intervir com uma faca também. Essa faca, inclusive, quebrou. E foi quando seguraram ele. O pai pegou uma faca artesanal e desferiu os golpes que mataram o meu pai. Eles alegam de legítima defesa, mas ninguém se defende dando mais de dez facadas em alguém”, declarou.
Forma abordada pela imprensa
Eduardo lamentou a forma que a notícia foi veicula por veículos de comunicação e a falta de clareza da polícia com o caso. E disse que seu pai era uma pessoa calma, apesar das crises.
“Infelizmente, isso aconteceu e pessoas que não me conhecem, nem meu pai, acho que não conhecem a nossa família. Sei lá, a gente sai como bandido. Ele sempre foi uma pessoa muito quieta, muito calma. Você pode perguntar pra qualquer pessoa da família da minha mãe, de pessoas distantes. Desde que eu me entendo por gente, ele sempre foi um bom pai. Eu nunca vou abrir minha boca pra dizer que ele foi um mau pai. Nem pra mim, nem pra minha irmã”, declarou.
Ele revelou, ainda, que a família está em busca de esclarecimentos e acredita que a investigação policial ainda não revelou toda a verdade sobre o caso. Outro ponto questionado pela família diz respeito à informação de que José estaria sob efeito de drogas.
“Inclusive, foi solicitado o exame toxicológico, e eu quero comprovar que no organismo dele não tinha. Podia até ter lá no nariz dele naquele momento, porque alguém colocou. Foi uma coisa horrível, a gente não teve defesa, a gente não conseguiu falar nada, a gente não conseguiu dizer que ele tinha transtorno”, desabafou.