Fluminense não pode usar desculpas como muleta para justificar um futebol tão fraco

Tricolor tem sete jogos no Carioca e apenas uma vitória. Dos seis gols marcados, três foram de pênalti. E, neste domingo, só não perdeu para o Boavista graças a defesas de Fábio

A frase é dura, mas infelizmente real: se não fosse pelos milagres de Fábio nos minutos finais, o Fluminense sairia do Maracanã derrotado pelo Boavista. O empate em 1 a 1, neste domingo, tem gosto de derrota por motivos além do placar. Por complicar ainda mais a classificação à semifinal do Carioca, não vencer uma das equipes que se mostravam mais frágeis neste Estadual e apresentar um futebol de desempenho fraco.

Todos sabemos que o calendário brasileiro é um problema. Goleadas e shows nos jogos não são esperados. Não serei cego de cobrar isso com menos de um mês de temporada. Mas usar a pré-temporada, parte física, bola, calor ou gramado — agora — soa como desculpa para justificar o desempenho ruim. O Vasco, por exemplo, consegue entregar o esperado — vencer mesmo sem jogar bem. Isso para ficar só entre os times de orçamento parecido com o do Fluminense.

Mano Menezes, felizmente, teve autocrítica para não usar tal muleta e admitiu a má faseÉ esperado que o restante do elenco faça o mesmo. Até aqui, são sete jogos neste Carioca e apenas uma vitória. Dos seis gols marcados, metade foi de pênalti. O Fluminense não empolga, não convence e é dependente de lampejos individuais dos seus jogadores acima da média, como Arias e Riquelme.

E o pior: agora encara uma sequência de clássicos. Se o duelo contra o Boavista poderia ser uma preparação para enfrentar Vasco e Flamengo, só trouxe mais pressão por bons resultados — e isso já tendo perdido para o Botafogo na rodada anterior.

Desde o que o atual formato da Taça Guanabara entrou em vigor, nunca um time avançou à semifinal com menos de 20 pontos. Se o Fluminense vencer todos os jogos restantes, irá a 19.

Arias em Fluminense x Boa Vista — Foto: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.

Arias em Fluminense x Boa Vista — Foto: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.

Sobre o jogo, o primeiro tempo do Fluminense contra o Boavista trouxe uma sensação ruim quando causada por um time de futebol: o desinteresse. Pragmatismo é a forma culta de resumir os 45 minutos de quase nada no Maracanã. Foi (de novo) um time que parecia tão em ritmo de treino que reverberava na arquibancada. Intensidade baixa, futebol lento.

Não esperar que o Fluminense dê um banho de bola é diferente de ter expectativa de ver uma imposição técnica diante da — possivelmente — terceira ou quarta pior equipe deste Campeonato Carioca. Como dito anteriormente, vencer jogando mal é o mínimo que se espera.

Se não fosse por um cruzamento de Arias que Keno desperdiçou na cara, de forma até chocante, o goleiro Diego Loureiro sequer teria levado sustos a na primeira etapa. O roteiro foi repetido para o Fluminense: cruzamentos, chutes de fora da área e a busca por jogadas individuais de Arias ou Keno. Se der certo, perigo. Se não der, falta criatividade.

Fuentes e Samuel Xavier comemoram gol do Fluminense — Foto: André Durão

Fuentes e Samuel Xavier comemoram gol do Fluminense — Foto: André Durão

A solução foi esperar a entrada de Riquelme Felipe, o melhor jogador do Tricolor neste Carioca, que foi a campo após o intervalo. Deu certo. O garoto de 17 anos, mais uma vez, mudou a cara da equipe. Quase marcou um golaço. Depois, criou outra chance de perigo. Ter paciência é correto, mas não pode ser confundida com demora para deixá-lo à vontade. Hoje, é titular indiscutível ao lado de Fábio, Thiago Silva e Arias.

O problema é que, no melhor momento da partida, o Boavista aprontou. Contra-ataque bem encaixado, falha de Renê e gol de Marcos Paulo, com requintes de crueldade. O que se espera do time grande é ter cabeça no lugar para conseguir reagir nestes momentos. O Fluminense de Mano Menezes tomou outra rota e se entregou ao desespero e afobação.

Lelê entrou para fazer dupla com Cano no ataque. Depois, Cano saiu para Serna, que começou jogando por dentro, onde rende menos. Bernal foi sacado e Hércules saiu de onde estava rendendo bem. Arias voltou a ser meio-campista mais centralizado, onde também não é onde onde consegue fazer suas melhores jogadas. Pressionava pela pressão de ter mais posse de bola, mas Diego Loureiro pouco trabalhou.

Até o talento individual sobressair. Riquelme, de 17 anos, achou um passe espetacular para Gabriel Fuentes, que entrou livre na área e tocou para Samuel Xavier completar para as redes. Segundo Mano Menezes, o lateral-direito sentiu um problema físico e por isso estava dentro da área.

No fim, se não fosse por Fábio fazendo milagres, o Fluminense seria derrotado.

Com o empate, o Fluminense ocupa a nona colocação do Campeonato Carioca, com sete pontos conquistados. O Maricá, que é o último da zona que dá vaga às semifinais, tem 11, mas ainda joga na rodada. Agora, o Tricolor tem uma sequência de clássicos pela frente: volta a campo no próximo dia 5 de fevereiro, contra o Vasco, às 21h30, no Mané Garrincha, e depois pega o Flamengo, no sábado.

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