Desigualdade na música: mulheres recebem apenas 10% dos direitos autorais

Entre os 100 maiores arrecadadores de direitos autorais em 2024, apenas cinco eram mulheres, um retrocesso em relação ao ano anterior, quando o número chegou a 6%

A indústria musical brasileira ainda enfrenta uma profunda desigualdade de gênero, conforme apontam dois estudos recentes divulgados pela União Brasileira de Compositores (UBC) e pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad). Os relatórios “Por elas que fazem a música” e “Mulheres na Música 2025”, publicados nesta semana, revelam que as mulheres recebem apenas 10% do total de direitos autorais distribuídos no país. Entre os 100 maiores arrecadadores de direitos autorais em 2024, apenas cinco eram mulheres, um retrocesso em relação ao ano anterior, quando o número chegou a 6%.

Os dados detalham a distribuição de renda entre as mulheres na música: as autoras concentram 73% do total recebido por elas na UBC, seguidas por intérpretes (22,5%), músicas executantes (2,5%), produtoras fonográficas (1,5%) e versionistas (0,5%). Apesar do cenário desigual, houve crescimento na participação feminina em registros: o número de obras cadastradas por autoras e versionistas aumentou 10%, e os fonogramas registrados por produtoras fonográficas cresceram 11% em 2024. Os segmentos de rádio e shows foram os mais rentáveis para as mulheres, representando 19% cada, enquanto o cinema teve a menor participação, com apenas 0,5%.

Internet/ Prostooleh – Freepik

Embora o número de mulheres beneficiadas por direitos autorais tenha subido de 22 mil para 29 mil entre 2020 e 2024, a persistente disparidade evidencia a necessidade de mudanças estruturais na indústria. Os estudos, lançados próximos ao Dia Internacional da Mulher, reforçam a urgência de ações que promovam equidade de gênero no setor musical, incentivando maior representatividade e reconhecimento para as artistas brasileiras.

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