O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos representa um retrocesso significativo nas ações globais contra as mudanças climáticas. A avaliação foi feita pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, nesta quinta-feira (6), durante sua participação em um evento na Índia.
Para Marina, a conjuntura geopolítica tem se tornado cada vez mais instável, com disputas comerciais e conflitos internacionais ameaçando a cooperação entre os países. Ela destacou que o efeito negativo desse cenário pode ser triplo: menos ações efetivas contra o aquecimento global, menor financiamento para a causa ambiental e um enfraquecimento da cooperação internacional.
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“A falta de comprometimento com políticas ambientais pode gerar um efeito cascata, drenando recursos e enfraquecendo a confiança entre os países”, declarou a ministra.
Histórico de Trump preocupa comunidade internacional
Quando chegou no comando da Casa Branca, Trump retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, impôs barreiras comerciais a países como Canadá, México e China e alterou a política externa americana em relação à guerra na Ucrânia. Essas decisões, segundo Marina, impactam diretamente o combate às mudanças climáticas e podem comprometer o avanço das negociações ambientais.

Presidente Donald Trump participa de encontro anual da Conferência de Ação Política Conservadora, nos EUA.
Foto: Brian Snyder/Reuters
O Brasil, que sediará a COP30 em novembro, pretende utilizar sua liderança na conferência para reforçar a importância do multilateralismo e da ciência na formulação de políticas ambientais – uma resposta direta à postura adotada por Trump.
Incerteza sobre financiamento climático
Desde que os Estados Unidos reduziram sua participação no financiamento de iniciativas globais, outros países passaram a redirecionar seus recursos para áreas como defesa e segurança, alerta Marina. Ela também demonstrou preocupação quanto ao cumprimento do compromisso firmado na última COP, que prevê a ampliação do financiamento climático para US$ 300 bilhões anuais até 2035. “Isso não pode ser tratado como algo garantido”, advertiu.
Impactos das disputas comerciais
Além dos desafios climáticos, a ministra criticou o aumento das tensões comerciais entre grandes potências, classificando a prática como prejudicial para todos os envolvidos. Segundo ela, medidas protecionistas podem gerar inflação e afetar a segurança alimentar da população.

O mercado de créditos de carbono deve ter grande expansão após a COP 30, em Belém/Foto: Adobe Stock
“No curto prazo, essas disputas podem até trazer ganhos políticos, mas, no longo prazo, a população não será solidária se enfrentar crises como incêndios florestais ou o aumento do custo dos alimentos devido à inflação”, concluiu Marina Silva.