A cultura acreana tem diversos mecanismos para incentivar a cultura local e potencializar os fazedores de cultura. Um desses espaços é a Academia Juvenil Acreana de Letras (Ajal) que completa, em 2025, dez anos de existência. Durante o período, foram 28 livros publicados, ou em processo de publicação, através de seu selo.

A Ajal já é um dos pilares da cultura acreana/Foto: ContilNet
A Academia surgiu através da necessidade de um espaço para acolher os jovens escritores, que criasse incentivos e promovesse as produções dessa parcela dos criadores.
“ O Acre é um estado que possui inúmeras instituições literárias, no entanto, nenhuma delas tinha em seu estatuto a possibilidade de receber pessoas menores de 18 anos”, disse o presidente da Academia, Jackson Viana.
Viana, aos 14 anos, idealizou o projeto, que veio a se tornar futuramente a Ajal, e explica que o trabalho dela é, de maneira resumida, incentivar jovens escritores das mais diversas maneiras, como divulgação do trabalho deles, a realização de ações literárias de promoção, a publicação de suas obras entre outras ações.
“Antes não havia um espaço de referência para esses jovens, que os colocasse como protagonistas da literatura. Somente por meio da Ajal, esses jovens escritores puderam publicar suas obras gratuitamente, mostrar seu trabalho para a sociedade, receber o reconhecimento devido”, disse.
José Lucas Tavares, de 26 anos, foi membro fundador do grupo, e destaca o orgulho de fazer parte da instituição, e fala sobre o sentimento de fazer parte da construção deste importante espaço para a literatura local.

O jovem é um dos membros que se mantem ativos desde a fundação da instituição/Foto: Cedida
“Estar entre os membros fundadores da Ajal foi uma grande honra para mim. Acredito que, quando nos reunimos para criar a instituição, foi para dar espaço e voz a outros jovens que também tinham habilidades e o desejo de escrever, um lugar para mais jovens como nós”.
Não tão antigo quanto, mas certamente um veterano, Luiz Felipe, de 23 anos, conta que só foi possível prosseguir com a carreira devido ao apoio. “Quando ingressei, era apenas um jovem com o coração cheio de vontade de criar, sem publicações de livros, apenas com o sonho de escrever. Meu primeiro contato com a Ajal foi através dos desafios literários, um formato original, que instigava a escrita como um jogo de arte e reflexão. Aos poucos, fui sendo envolvido nesse ecossistema cultural, acolhido por um ambiente que me permitiu crescer como artista e como pessoa”, explicou
Luiz Felipe Gadelha Moraes é um dos veteranos da Academia e teve seu livro lançado com o apoio da Ajal/Foto: ContilNet
Mas como diria Belchior, o novo sempre vem, e as novas caras da Ajal já começaram a surgir. Ana Evelyn, de 18 anos, é um dos novos rostos da organização, e enxerga ela como um espaço basilar para a literatura, além de representar inclusão e esperança.
“Mais que oficinas e concursos, a academia é responsável por democratizar o acesso à literatura aos jovens que mais necessitam dela, além de apresentar esse novo mundo a aqueles que ainda não compreendem sua verdadeira relevância”, disse.
Sobre as novas gerações, os veteranos se dizem esperançosos, e animados, pelo que pode ser realizado pelos novos membros da Ajal, e dizem estar disponíveis para apoiá-los.
“Espero que a AJAL continue sendo o que sempre foi, farol e abrigo! Os novatos são mais do que escritores iniciantes: são os arquitetos do futuro da literatura acreana. Em breve, estarão à frente de projetos, discutindo políticas públicas, moldando o que será a cultura no estado. Que tenham coragem, sensibilidade e responsabilidade”, diz Luiz Felipe.
Já José Lucas Tavares, aborda o futuro da instituição de maneira mais ampla, e falou sobre suas expectativas para a próxima década de vida da instituição, e diz que espera que uma grande expansão de atividades ocorram.
“Daqui a dez anos, espero ver a Academia ainda maior, com atividades frequentes em todo o município e com um grande acervo de produções, sejam elas literárias ou não. Creio que, por meio da AJAL, podemos transformar a vida de muitos jovens, talvez até apresentar-lhes um novo mundo ou uma nova forma de se expressar. Acredito que a literatura tem esse poder”, comentou.
A nova geração promete não decepcionar, ao menos é isso que Ana Evelyn demonstra, ao falar de sua vontade de se desenvolver junto a Ajal e que o objetivo é inspirar cada vez mais jovens, sejam participantes ou não da instituição.
Ana Evelyn promete manter o compromisso dos antigos membros com a Ajal/Foto: Cedida
“Almejo aprender cada vez mais com meus colegas de mesa e utilizar esse conhecimento social e literário que a AJAL nos proporciona para inspirar jovens dentro e fora dela. Desejo mostrar o poder que a literatura oferece e auxiliar a academia em suas mais diversas atividades, sejam saraus, oficinas, cursos, concursos, tudo que expande seu leque de contribuições e, consequentemente, do reconhecimento que tal trabalho deve receber. Espero ser apoio e referência de colo e conselho para outros escritores, assim como obtive com a Ajal na minha jornada”, completou Evelyn.
Noite de celebrar
As comemorações relativas aos 10 anos de atividade da instituição aconteceram na noite de sábado (26), no Memorial dos Autonomistas, local que já recebeu diversos outros eventos da Academia Juvenil Acreana de Letras.
Durante a noite de comemorações, os membros se reuniram, relembraram momentos importantes da trajetória da Ajal e de seu próprio caminho em meio à literatura. A secretária geral da organização, Mariana Ravena, falou sobre a importância da data.
“A Ajal olhou para mim e viu um potencial que eu não conseguia enxergar. Isso acendeu em mim uma chama de querer levar essa oportunidade para mais e mais pessoas mais e mais jovens, da maneira que a gente conseguisse. Se fosse um encontro pequeno ou um festival de grande relevância, mas de qualquer modo, ter esse encontro e essa reunião de jovens que amam literatura”, revelou.
A diretora academica da Ajal, Luisa Timmerman, também esteve presente nas comemorações e falou sobre a alegria do momento e da importância do apoio da organização aos novos escritores.
“É uma honra fazer parte desse momento importante de poder estar em conexão com novos membros, com os acadêmicos atuais também e sempre estar à procura de novas pessoas para a academia. Daqui para frente eu só espero que ela cresça bastante”, disse ela
O atual presidente da Ajal, Jackson Viana, destacou a felicidade de ver um projeto concebido por ele chegar aos 10 anos de vida, e um pouco sobre o que espera para o futuro.
“Espero que a Ajal seja conduzida por jovens com tanto ou mais entusiasmo quanto nós tínhamos quando nós começamos lá em 2015, que seja renovada por essa geração que está imersa numa tecnologia. Então a gente precisa que esses jovens que estão hoje na academia, e que vão ter essa responsabilidade no futuro, sejam os guardiões desse grande processo da construção literária ”, comentou.
Jackson, Mariana (à esquerda) e Luisa (à direita) fazem parte da administração da Ajal/Foto: ContilNet
“Eu quero que ela seja uma instituição de grande estrutura para comportar tantos sonhos que nós alimentamos, porque ela é uma instituição que sobrevive dos sonhos que nós temos, ela sobrevive dos sonhos de cada um de nós jovens e colocamos a nossa dedicação nela, que colocamos os nossos recursos humanos, os nossos recursos às vezes até financeiros na sua funcionalidade, então nós sonhamos e eu especialmente sonho que a Ajal no futuro ela seja uma instituição ainda mais autônoma e que ela tenha a capacidade sozinha de levar adiante tantos sonhos”, concluiu
Concurso Juvenal Antunes de Poesia
Durante o evento comemorativo, Jackson Viana aproveitou o momento para realizar o anuncio do segundo concurso Juvenal Antunes de Poesia, que contará com duas categorias de competição, além de premiação em dinheiro.
“No terceiro lugar, a premiação será de 300 reais para o terceiro colocado. No segundo lugar, 600 reais. E uma premiação de 900 reais para o primeiro colocado. Além disso, os dez melhores textos de cada categoria receberão menção honrosa que é um título que a academia concede para pessoas que tenham um bom trabalho desenvolvido na literatura. Um e-book também será montado com os 10 primeiros colocados”, explicou o presidente da Ajal.
As inscrições já estão abertas e poderão ser realizadas através do QR-Code disponível no perfil do Instagram da organização. O período se encerra no dia 31 de maio. A temática deste ano são os 10 anos da Ajal, além disso, é importante ressaltar que membros da organização, assim como parentes, não poderão concorrer.
Confira abaixo algumas imagens de livros expostos e dos membros da academia abaixo: