Depois de ter divulgado oficialmente a data de início do conclave, que será no próximo dia 7 de maio, o Vaticano divulgou nesta terça-feira (29) em coletiva de imprensa mais detalhes de como será o rito da escolha do novo pontífice.
De acordo a Santa Sé, pela manhã, no horário da Itália, haverá uma missa para iniciar os ritos. Essa missa será presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, Decano do Colégio Cardinalício e está marcada para às 10h na Basílica de São Pedro (5h, no horário de Brasília).
Depois, às 16h30 (11h30 no horário de Brasília), será a primeira rodada de votação do conclave.
A Sala de Imprensa do Vaticano ainda revelou que dois cardeais eleitores não estarão presentes por motivos de saúde. Com isso, o número de cardeais passa para 133 (entre eles sete brasileiros) e os dois terços necessários para a eleição fica em 88. As ausências serão de um cardeal sérvio e outro espanhol que não tiveram os nomes revelados.
O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, também confirmou que o idioma oficial será o italiano, mas ‘haverá interpretes’.
Outro anúncio foi a vestimenta dos cardeais no conclave. Eles usarão a túnica vermelha com faixa, roquete, mozeta, cruz peitoral com cordão vermelho e dourado, anel, zucchetto e barrete; os cardeais das Igrejas Orientais usarão seu próprio traje coral.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d975fad146a14bbfad9e763717b09688/internal_photos/bs/2025/n/0/4bJ4eFR8mk8PvDJqxzXg/captura-de-tela-2025-04-25-110621.png)
Roupa usada por cardeais no conclave/Foto: Divulgação/Vatican Media
O cardeal e arcebispo indiano, George Jacob Koovakad, dará início à votação para eleger o novo Papa. Ele também vai fechar a porta da capela sistina.
Já o cardeal Pietro Parolin, chamado de ‘vice-papa’ pelo cargo de Secretário de Estado da Santa Sé, vai presidir o conclave. A escolha dele tem relação pelos membros do Vaticano que poderiam participar do processo. Os próximos da lista seriam o cardeal decano Giovanni Battista Re e o vice-reitor Leonardo Sandri. Ambos possuem mais de 80 anos.
Pietro Parolin é um dos mais cotados para suceder Francisco no cargo de papa. Diversas bolsas de apostas, como o Polymarket, colocando ele com quase 30% de chance de virar o pontífice.
Tradicionalmente, a votação ocorre entre 15 e 20 dias após a morte do papa anterior. Ou seja, ele iniciaria entre os dias 6 e 11 de maio. Por isso, a data escolhida esteve entre esses dias. Segundo o Vaticano, a data escolhida foi o segundo dia previsto.
O dia foi marcado após o período de nove dias de luto por conta da morte do papa Francisco. Esse tempo, conhecido como Novendiales, teve início após o sepultamento do pontífice no sábado (26).
A expectativa é que o conclave seja curto, assim como foram os últimos, que duraram dois dias.
O local usado para essa votação é a Capela Sistina, a obra máxima do artista Michelangelo, que pintou todo o afresco a pedido do papa Júlio II entre 1508 e 1512. O local é, normalmente, visitado dentro dos Museus do Vaticano, porém ele agora está fechado desde essa segunda (28) justamente para os preparativos ao conclave.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d975fad146a14bbfad9e763717b09688/internal_photos/bs/2025/m/5/HqXgTfQzCIOmSut6VXrg/1-lk3e2k1atsms-8j4qw7ylq.jpeg)
Parte do afresco ‘Juízo Final’ na Capela Sistina/Foto: Divulgação
Como acontece a votação?
Um cardeal precisa receber dois terços dos votos para ser eleito. Ou seja, em relação aos cardeais presentes, esse número precisaria ser de 91. As indicações, secretas, são queimadas após a contagem.
Até quatro votações podem ser feitas por dia, sendo duas pela manhã e outras duas à tarde. Se, depois do terceiro dia de conclave, a Igreja ainda não tiver o novo Papa, começa uma pausa de 24 horas para orações. Outra, por igual período, também pode ser convocada se houver mais sete votações sem um eleito.
Já quando a indicação do novo pontífice é fechada, a Igreja, então, questiona formalmente se ele aceita o cargo. Se o religioso aceitar, deve escolher um novo nome. Na sequência, é levado para o ambiente chamado de ‘Sala das Lágrimas’, no qual traja as vestes papais.
No final do processo, o novo Bispo de Roma é anunciado aos fiéis na Praça de São Pedro e apresentado na sacada da Basílica. É de lá que é proclamada a frase: ‘Habemus Papam’.
O que é a ‘Sé Vacante’?
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d975fad146a14bbfad9e763717b09688/internal_photos/bs/2025/x/0/q5FsAURFisplFazTG10A/000-437j29j.jpg)
Corpo do papa Francisco na Basílica de São Pedro/Foto: Alessandro Di Meo / POOL / AFP
Com a morte do Papa Francisco, a Igreja Católica passa pelo período chamado de ‘Sé vacante’, fase em que fica sem um líder e quando o clero se reúne para a escolha do novo pontífice. A expressão Sé Vacante vem do latim e significa ‘Trono Vazio’. Neste período, o governo da Igreja Católica fica a cargo do carmelongo, que administra os bens e o Tesouro do Vaticano.
O ocupante do posto também tem a responsabilidade de organizar o Conclave, a eleição para escolha do substituto, que, pelas normas católicas, precisa começar em até 20 dias após a morte do Papa.
O nome da votação também tem origem no latim e quer dizer “fechado à chave”. Durante os dias do conclave, cardeais elegíveis do mundo todo ficam fechados no Vaticano, em um juramento de segredo absoluto sobre o procedimento.
No momento, o carmelongo é o cardeal irlandês Kevin Joseph Farrell.
Durante seu governo, é o Colégio dos Cardeais que precisa discutir os assuntos mais urgentes da Igreja Católica.
O grupo não pode fazer mudanças profundas na Igreja ao longo da Sé Vacante, como alterar as leis determinadas pelos papas, por exemplo. Mas, tem como uma das primeiras determinações estabelecer o dia, a hora e o modo como o corpo do pontífice será levado à Basílica de São Pedro para ser exposto aos fiéis.