Acre recebe delegações internacionais na casa de Chico Mendes durante encontro da GCF Task Force

Comitiva visita Xapuri e a Cooperacre para conhecer de perto experiências de conservação e desenvolvimento sustentável

Com visitas emocionantes a Xapuri e à Casa de Chico Mendes, o Acre deu início nesta semana à programação do Encontro Anual da GCF Task Force, reunindo autoridades internacionais, lideranças ambientais e representantes de governos subnacionais para conhecer de perto as experiências de conservação da floresta e desenvolvimento sustentável conduzidas no estado.

Em Xapuri, participantes do GCF conhecem de perto o legado de luta e resistência de Chico Mendes/ Foto: Diego Gurgel 

A programação do Encontro Anual da GCF Task Force 2025 teve um dos seus pontos altos nesta quarta-feira (21), com a visita da comitiva internacional ao município de Xapuri, no interior do Acre. Em meio à floresta amazônica, os participantes foram recebidos com hospitalidade e levados a conhecer a casa onde viveu Chico Mendes, ícone global da luta socioambiental, além da Cooperacre — cooperativa que simboliza a produção sustentável na região.

Na pequena casa azul de número 487, na rua Batista de Moraes, preservada como patrimônio histórico estadual e federal, os visitantes conheceram de perto objetos pessoais e o local onde Chico Mendes organizava os famosos “empates” para barrar o desmatamento. A memória viva do líder seringueiro emocionou os visitantes — muitos, como o diretor de marketing da ONG CTrees, Daniel Melling, ouviram sua história pela primeira vez.

“Foi profundamente tocante. Trabalho com justiça ambiental em Los Angeles, apoiando ativistas e ONGs, mas nunca havia conhecido a trajetória de Chico. Estar aqui é mais poderoso do que qualquer dado de satélite que possamos analisar. O contato com a floresta e as pessoas nos inspira a pensar em soluções mais humanas e eficazes”, afirmou Melling.

Além do memorial, os visitantes também percorreram a Trilha Chico Mendes, na Reserva Extrativista que leva seu nome, com mais de 931 mil hectares protegidos. Lá, famílias vivem do extrativismo sustentável, provando que é possível gerar renda sem devastar a floresta.

A agenda também levou os participantes até a Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre)/ Foto: Diego Gurgel

A experiência se tornou ainda mais significativa com o depoimento de Raimundo Mendes de Barros, o Raimundão, primo de Chico e morador do Seringal Floresta. Com emoção, ele compartilhou lembranças da infância e da militância de Chico.

“Chico não foi só um líder. Ele foi um visionário. Mostrar a casa dele, contar sua história, é manter acesa uma chama que o mundo precisa conhecer. Se ao menos metade dessas pessoas sair daqui transformada, já teremos plantado uma semente poderosa”, declarou Raimundão.

Cooperacre: exemplo de economia verde

A agenda também levou os participantes até a Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre), que reúne mais de 2 mil famílias ligadas ao manejo sustentável de produtos como castanha-do-Brasil, borracha e frutas nativas. A visita foi uma oportunidade de conhecer como o Acre vem conciliando economia e conservação.

“Eles puderam ver de perto o impacto do trabalho das comunidades, especialmente das mulheres, que lideram muitas dessas cadeias produtivas. Produtos como óleo de murumuru e borracha são resultado direto de um modelo que respeita a floresta”, explicou Jacksilande Araújo, presidente do Instituto de Mudanças Climáticas (IMC).

Para ela, o interesse dos visitantes internacionais serve também como catalisador de consciência local. “Quando o mundo olha para o Acre com tanto respeito e curiosidade, isso fortalece a autoestima do nosso povo. A floresta é um patrimônio que precisa ser reconhecido por nós também. O que fazemos aqui pode — e deve — servir de exemplo global”, destacou.

Compromisso global com florestas vivas

A Força-Tarefa de Governadores para o Clima e Florestas (GCF Task Force) é uma coalizão formada por 43 governos subnacionais de países como Brasil, Estados Unidos, Colômbia, Peru, México e Indonésia. Criada em 2008, a iniciativa apoia políticas de REDD+ e outras estratégias para redução de emissões e proteção das florestas tropicais, sempre valorizando o protagonismo das comunidades locais.

O Acre, que sedia o encontro em 2025, é referência na implementação de programas de pagamento por serviços ambientais e de governança participativa em áreas de floresta.

Mais do que um evento diplomático, a visita à casa de Chico Mendes e aos projetos sustentáveis do estado reafirma o papel do Acre como exemplo vivo de que é possível crescer sem derrubar. Uma floresta que, além de em pé, carrega histórias, resistência e esperança.

Com informações, Agência de Notícias do Acre

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