O presidente da Fundação de Cultura “Elias Mansour” (FEM),professor Minoru Kinpara, recebeu, nesta terça-feira (13), um exemplar do livro “Acreanês – A Língua do Povo do Acre”, de autoria do jornalista e humorista Antônio Klemer.

Antônio Klemer entrega livro “Acreanês”, com o vocabulário dos acreanos, a Minoru Kinpara. Foto: Reprodução
A entrega foi feita pelo próprio autor na sede da FEM. Klemer presenteou Minoru e, como militante do Movimento Cultural do Acre e amigo antigo do professor, o autor de livros e um dos principais divulgadores de costumes e do que chama de “Acreanês”, dedicou o exemplar da última publicação que fez, como “indez” – referência a um único exemplar de ovo de galinha que o criador deixa no ninho para que o animal saiba onde colocou seus ovos e possa voltar e não faça ninho em outro local.
“Eu presenteio com o Livro. Se o Minoro quiser pagar, eu me recuso a receber. Mas, se ele fizer um Pix – oferta, aí eu aceito, pra não dar Caé”, disse o humorista, entre risos dos dois.
Para Antônio Klemer, que já dirigiu a FEM e a Fundação Municipal Garibaldi Brasil, as principais Fundações de Cultural acreanas, Minoru “rejuvenesceu, trouxe dignidade à Cultura do Acre ao assumir esse cargo no Governo Camelí, dando aos fazedores de Cultura e à Gestão a experiência de quem fez um trabalho exemplar na Universidade Federal do Acre”, definiu.
Num vídeo que publicou em suas redes sociais, Klemer e Minoru trocam elogios, mas Klemer conclui dizendo: – Vai querer arranjar um emprego contigo!”, e ambos caem na risada.
O livro, na verdade, é uma reunião, em forma de glossário, dos termos falados pela população original do Acre, com palavras cujas só pronuncias só entende quem tiver um mínimo de conhecimento da cultura acreana. Exemplos são as palavras como gastura amoada, para definir problemas estomacais, e destentar, para trocar cheque, quando ainda havia o cheque, definiu o autor.
A obra é, então, uma reunião de termos que só têm sinônimo ou significado real na comunicação e demais relações humanas se ditas no legítimo acreanês.
Aos 63 anos de idade, Antônio Klemer é um jornalista e escritor com pendores artísticos e de humor que, entre outras coisas, chegou a ser entrevistado por no mínimo tres vezes no “Programa do Jô”, no SBT e na Rede Globo, num programa de entrevistas apresentado pelo humorista Jô Soares. Foi um dos poucos acreanos a cantar o Hino Acreano em rede nacional com Jô Soares visivelmente emocionado pela força e letra da canção cantada por todo acreano que se preze.
Antônio Klemer também foi parceiro dos humoristas Tom Cavalcante e Tiririca em programas de humor da Rede Record de Televisão. Aliás, o livro “Acreanês…” é prefaciado por Tom Cavalcante e apresentado por outro monstro sagrado do humorismo nacional, o cantor e autor de paródias musicais Falcão, uma espécie de líder inconteste de dez entre cada dez cearenses, de onde surgem tais figuras.
Klemer diz que só não é cearense de fato por uma questão geográfica, já que sua mãe deu à luz em terras do Juruá, interior do Acre.
Mas, por ali, como em todo o Acre, desde o início da ocupação acreana, aquelas terras sempre foram atulhadas de cearenses e outros nordestinos de vocabulários e comportamentos próprios. “Difícil ser acreano, viver aqui e não ter um pouco do nordestino do Ceará dentro da gente”, disse o autor.
O professor Minoru Kinpara, educador e ex-reitor da Universidade Federal do Acre (Ufac), disse a Klemer, no ato de entrega do exemplar do livro, que, ainda que a pequena obra tenha características de humor, não deixa de ser importante porque resgata o modo de falar – e, de alguma forma, também de viver – do povo acreano, em sua grande maioria, descendentes de nordestinos, principalmente de cearenses. “É um livro que todo acreano deve conhecer”, disse.
Antônio Klemer disse, por sua vez, que o livro não traz maiores pretensões. De fato, o livrinho é despretensioso, mas atinge robustez porque é produzido com textos de um dos jornalistas mais engraçados e ferinos dos últimos 40 anos da imprensa acreana, com seu vocabulário caustico.
“Minha preocupação é fazer com que as novas gerações, esta da área tecnológica, não perca de vista o nosso vocabulário próprio”, disse o autor.