Cansaço persistente, baixa libido, mudanças de humor, dificuldade para ganhar massa muscular ou perda de energia ao longo do dia. Esses sintomas, muitas vezes negligenciados ou atribuídos ao estresse cotidiano, podem ter uma origem menos óbvia: os desequilíbrios hormonais.
Embora mais associados ao envelhecimento, os distúrbios hormonais também têm afetado homens ainda jovens, por volta dos 30 anos. De acordo com o Ministério da Saúde, fatores como alimentação inadequada, sedentarismo, privação de sono e estresse crônico impactam diretamente a regulação hormonal, especialmente a produção de testosterona — o principal hormônio sexual masculino.

Reprodução
Testosterona: o que acontece com o tempo?
A testosterona influencia muito mais do que a saúde sexual. Ela regula o desenvolvimento da massa muscular, o metabolismo, a densidade óssea, o humor e a disposição física. A partir da terceira década de vida, a produção desse hormônio tende a cair gradualmente, um processo chamado de Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM).
Homens com DAEM podem apresentar uma série de sintomas prejudiciais à qualidade de vida, incluindo:
- Diminuição da libido e disfunção erétil;
- Redução da energia e da resistência física;
- Aumento de gordura abdominal;
- Dificuldades cognitivas leves;
- Queda da autoestima e sinais de depressão leve a moderada.
A boa notícia é que esse cenário pode ser revertido ou controlado com mudanças de hábitos, diagnóstico precoce e abordagens terapêuticas individualizadas.
Como o homem moderno pode se cuidar melhor?
O cuidado com a saúde hormonal começa pelo autocuidado e pela conscientização. Muitos homens ainda têm resistência em buscar ajuda médica, especialmente quando os sintomas estão ligados ao desempenho sexual ou ao cansaço extremo.
Por isso, campanhas de educação e saúde pública — como a “Saúde do Homem” do Ministério da Saúde — têm se mostrado fundamentais para estimular uma nova cultura de cuidado entre os homens.
Aqui estão as principais estratégias para preservar o equilíbrio hormonal:
1. Alimentação como aliada hormonal
Alimentos ricos em zinco, magnésio, selênio e vitamina D são essenciais para a produção e regulação dos hormônios masculinos. Dietas baseadas em proteínas magras, vegetais, grãos integrais e boas fontes de gordura (como ômega-3 e azeite de oliva) favorecem a estabilidade hormonal e metabólica.
Por outro lado, o excesso de alimentos ultraprocessados, bebidas alcoólicas e açúcares refinados está associado à resistência à insulina, inflamação e redução dos níveis de testosterona.
2. Sono reparador e controle do estresse
Dormir bem é essencial para a síntese de hormônios como a testosterona e o hormônio do crescimento (GH). O indicado é dormir entre 7 e 9 horas por noite.
Já o estresse crônico eleva o cortisol — o hormônio do estresse — que, em excesso, inibe a produção de testosterona e contribui para quadros de ansiedade, irritabilidade e ganho de peso abdominal.
3. Exercício físico regular
A prática regular de atividade física é um dos fatores mais eficazes para manter os níveis hormonais saudáveis. Exercícios de força, como musculação, ajudam a estimular a liberação de testosterona e GH, além de melhorar o metabolismo da glicose e a composição corporal.
O Ministério da Saúde recomenda ao menos 150 minutos semanais de atividades físicas aeróbicas de intensidade moderada, como caminhadas rápidas, natação ou ciclismo, além da prática regular de exercícios de força, como a musculação, pelo menos duas vezes por semana, para adultos. Essas orientações visam promover a saúde geral, prevenir doenças crônicas e contribuir para o equilíbrio hormonal.
Estratégias modernas: suplementação e monitoramento médico
Além das mudanças de hábitos, a ciência tem oferecido recursos adicionais para quem apresenta desequilíbrios mais acentuados. Em casos onde a deficiência hormonal está comprovada por exames laboratoriais, a reposição hormonal ou o suporte nutricional direcionado podem ser indicados por especialistas.
Por exemplo, a suplementação com injetáveis auxilia na saúde masculina ao oferecer nutrientes e compostos bioativos diretamente na corrente sanguínea, com alta biodisponibilidade. Essa abordagem pode ser útil em quadros de baixa testosterona, fadiga persistente, estresse oxidativo ou quando há deficiência de micronutrientes essenciais.
Suplementos injetáveis contendo aminoácidos, vitaminas do complexo B, vitamina D, boro, magnésio, zinco, citrulina ou até cofatores mitocondriais vêm sendo utilizados como parte de protocolos de suporte à saúde masculina, melhorando energia, função sexual e resposta metabólica. No entanto, é fundamental que esses tratamentos sejam prescritos e monitorados por profissionais habilitados, como médicos endocrinologistas ou nutrólogos.
O papel do acompanhamento profissional
Todo homem que deseja cuidar da sua saúde hormonal deve passar por uma avaliação individualizada. Isso envolve exames laboratoriais, anamnese detalhada e, em alguns casos, acompanhamento multidisciplinar com nutricionistas, educadores físicos e psicólogos.
Além disso, é essencial evitar a automedicação. O uso indiscriminado de testosterona ou esteroides anabolizantes, sem indicação médica e acompanhamento profissional, pode provocar efeitos colaterais graves, como infertilidade, hipertensão, alterações hepáticas e aumento do risco cardiovascular.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) classifica esses produtos como medicamentos de uso controlado, cuja prescrição deve ser baseada em diagnóstico clínico preciso e monitoramento regular. Seu uso inadequado representa um sério risco à saúde.
Os desequilíbrios hormonais não precisam ser um tabu ou uma sentença para o homem moderno. Com mais informação, cuidado preventivo e acesso a estratégias eficazes é possível manter o equilíbrio hormonal, melhorar o desempenho físico e sexual e preservar a saúde mental e emocional ao longo dos anos.
Cuidar dos hormônios é, antes de tudo, cuidar de si.
Referências:
CALIXTO, I. T.; PRAZERES, T. C. M. de M. Terapia de reposição da testosterona na DAEM (Deficiência androgênica do envelhecimento masculino): uma revisão de literatura. Brazilian Journal of Health Review, [S. l.], v. 4, n. 1, p. 3816–3830, 2021. DOI: 10.34119/bjhrv4n1-302. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/25368.
RODRIGUES, Gisele de Sousa et al. A influência da nutrição nos níveis do hormônio testosterona: uma revisão integrativa. In: CONEXÃO UNIFAMETRO 2024 – XX Semana Acadêmica. Fortaleza: Centro Universitário Fametro, 2024. ISSN 2357-8645.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Ministério da Saúde do Brasil lança Guia de Atividade Física para a População Brasileira, com apoio da OPAS. 30 jun. 2021. Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/30-6-2021-ministerio-da-saude-do-brasil-lanca-guia-atividade-fisica-para-populacao.
PILZ, S. et al. Efeito da suplementação de vitamina D nos níveis de testosterona em homens. Hormone and Metabolic Research, v. 43, n. 3, p. 223–225, 2011.
SHIRAI, M. et al. Suplementação oral de L-citrulina e transresveratrol melhora a função erétil em homens com inibidores da fosfodiesterase tipo 5: um estudo piloto cruzado, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo. Sexual Medicine, v. 6, n. 4, p. 291–298, 2018.