O que é óbito fetal? Após perda de Tati Machado, entenda causas e protocolos

Falecimento do bebê após a 20ª semana de gestação é considerado como óbito fetal e pode ocorrer por causas variadas, incluindo desde doenças maternas até infecções e condições genéticas

A equipe da apresentadora Tati Machado informou, por meio de nota publicada no Instagram, que a jornalista perdeu o bebê que esperava. Ela estava na 33ª semana de gestação quando percebeu a ausência de movimentos fetais e procurou atendimento médico. Na maternidade, foi constatada a parada cardíaca do feto.

Óbito fetal: como lidar, o que investigar e quais são os fatores de risco; entenda o caso de Tati Machado — Foto: Divulgação TV Globo

Segundo o ginecologista e obstetra Dr. Nélio Veiga Júnior, mestre e doutor em Tocoginecologia pela Unicamp, após a 20ª semana de gestação o caso deixa de ser classificado como aborto espontâneo e passa a ser considerado óbito fetal. “A nomenclatura pode variar. A Organização Mundial da Saúde utiliza o termo ‘morte fetal intrauterina’, enquanto nos Estados Unidos fala-se em ‘natimorto tardio’. Estima-se que, anualmente, mais de 2,6 milhões de gestações no terceiro trimestre resultem em natimortos no mundo”, explica.

As causas para esse tipo de perda gestacional são diversas. “Entre os fatores maternos, estão condições como hipertensão, diabetes e doenças autoimunes”, afirma o especialista. Ele também cita complicações na própria gestação e alterações genéticas: “De 10% a 20% dos óbitos fetais envolvem doenças genéticas ou alterações cromossômicas. Além disso, infecções precisam ser investigadas. Em países subdesenvolvidos, elas respondem por até 50% dos casos, incluindo toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes, sífilis, zika, Covid-19, pneumonia e infecções bacterianas que podem atingir o feto.”

Outro ponto relevante é a investigação de possíveis síndromes relacionadas à trombofilia, como a síndrome dos anticorpos antifosfolípides, que pode causar descolamento da placenta ou alterações vasculares. “Também é fundamental avaliar o cordão umbilical, para verificar se houve algum prolapso ou comprometimento que tenha causado o óbito”, complementa o médico.

Tati Machado perdeu bebê na 33ª semana de gestação — Foto: Divulgação TV Globo

Tati Machado perdeu bebê na 33ª semana de gestação — Foto: Divulgação TV Globo

Condutas médicas diante do óbito fetal

Sobre os procedimentos após a confirmação do óbito, o Dr. Nélio explica que a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) possui um protocolo específico. “É essencial acolher a paciente com sensibilidade, reunir a família, esclarecer o que ocorreu e oferecer uma equipe multidisciplinar capacitada. A paciente deve ter todo o suporte necessário durante o processo de luto, incluindo a presença de acompanhantes, se for de sua vontade”, diz.

Com o diagnóstico confirmado via ultrassom, a equipe médica deve definir a via de parto. “Na maioria dos casos, opta-se por indução do parto vaginal, o que contribui inclusive para o processo de elaboração do luto. Em situações específicas — como histórico de múltiplas cesáreas, instabilidade clínica da gestante, descolamento de placenta ou posição desfavorável do feto — pode haver indicação de cesariana”, detalha o obstetra.

Ele ressalta que a decisão deve ser tomada em conjunto com a família e a equipe médica. “É um momento extremamente delicado”, finaliza.

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