‘Ou o PT muda ou vira lembrança’: artigo de petista expõe crise e aponta dilemas do partido no Acre

Cesário parece dizer o seguinte: ou o PT do Acre reencontra o povo, assume seus erros e se reconstrói com humildade e pragmatismo, ou corre o risco de se tornar irrelevante

Um artigo assinado por um dos militantes mais importantes do PT no Acre deu o que falar.

O artigo assinado por Cesário Braga é mais do que um desabafo interno. É um diagnóstico duro e, ao mesmo tempo, um chamado à realidade sobre o momento em que vive o partido no estado — e, sobretudo, sobre o que está em jogo para 2026.

PT no Acre/Foto: Ascom

Ao fazer um balanço dos caminhos trilhados pela legenda, Cesário aponta para uma desconexão crescente entre o PT e a sociedade acreana. O texto reconhece, com rara franqueza, que os pilares que sustentaram a ascensão do partido — como a luta pela terra, o funcionalismo público mobilizado e os movimentos eclesiais de base — já não têm o mesmo impacto na dinâmica social atual. Pior: o partido, segundo ele, não conseguiu se adaptar com respostas concretas aos novos anseios da população, como o fortalecimento da produção rural, o desenvolvimento com inclusão e a renovação das alianças políticas.

Cesário parece dizer o seguinte: ou o PT do Acre reencontra o povo, assume seus erros e se reconstrói com humildade e pragmatismo, ou corre o risco de se tornar irrelevante num cenário político onde o tempo da nostalgia já não garante mais votos.

Chame chame!

O ex-prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre, um nome de confiança dentro do MDB, voltou a ser mencionado em conversas estratégicas sobre a disputa pelo governo do Acre em 2026.

O movimento ainda é discreto, mas interlocutores do partido admitem que o nome de Marcus é visto como uma “reserva estratégica” – alguém com recall eleitoral e perfil conciliador, num momento em que o MDB busca se reorganizar e definir seu rumo no estado.

A leitura interna é de que, com o atual cenário político fragmentado e a divisão da direita entre Alan Rick e Mailza Assis, o espaço para um nome como o de Marcus Alexandre pode se abrir com mais facilidade do que se imaginava meses atrás.

Apesar disso, Marcus segue adotando a tática do silêncio. Não confirma e não nega. Um aliado próximo diz que ele está “em modo observação”, acompanhando as movimentações, mas sem pressa para se posicionar.

Por ora, o que se vê é um MDB dividido entre a vontade de lançar um nome competitivo e a necessidade de não precipitar decisões. E, dentro desse equilíbrio delicado, o nome de Marcus Alexandre permanece como uma carta guardada — que pode ser jogada no momento certo.

Números não negam

A sondagem ao nome de Marcus Alexandre dentro do MDB cresceu nas últimas semanas não por acaso. Pesquisas internas e levantamentos recentes de intenção de voto voltaram a mostrar o ex-prefeito de Rio Branco à frente de nomes já colocados como pré-candidatos ao governo do Acre em 2026.

Mesmo fora do debate público, Marcus segue com alto reconhecimento e mantém força principalmente na capital. O desempenho dele na eleição municipal do ano passado, quando perdeu a disputa pela prefeitura, mas ainda assim obteve uma votação expressiva, tem sido usado como argumento por setores do MDB que defendem seu nome como o mais competitivo do partido.

Plano B?

Embora Marcus Alexandre concentre boa parte das atenções dentro do MDB acreano, o partido ainda guarda uma segunda cartada para a disputa pelo governo em 2026: a ex-deputada federal Jéssica Sales.

Com forte ligação com o interior do estado e trajetória consolidada na política, especialmente no Vale do Juruá, Jéssica é vista como um nome capaz de aglutinar forças e ampliar o alcance eleitoral do partido para além da capital.

Assim como Marcus, ela também tem evitado falar publicamente sobre seus planos. Nos bastidores, aliados dizem que Jéssica está ouvindo, avaliando os cenários e sem pressa para se posicionar. O silêncio, neste momento, faz parte da estratégia — e mantém o MDB com mais de uma opção relevante no tabuleiro para 2026.

Esvaziamento em curso

Mesmo sendo um dos maiores partidos do país, com capilaridade em prefeituras e bancadas expressivas no Congresso, o PSD vive um processo de esvaziamento acelerado no Acre — e o epicentro da crise atende pelo nome de Sérgio Petecão.

Presidente estadual da sigla, o senador tem enfrentado resistência interna e perdido aliados. Nesta semana, o cenário piorou: os dois únicos deputados estaduais do PSD anunciaram que vão deixar o partido. Com isso, a legenda caminha para montar uma chapa para a Assembleia Legislativa em 2026 sem nenhum parlamentar com mandato — um contraste gritante com a força que o PSD ostenta em outras partes do país.

Aliados apontam falhas na articulação política de Petecão e dizem que o senador tem atuado de forma centralizadora, o que tem afastado quadros da legenda. A tendência, segundo fontes ouvidas pela coluna, é de que novas baixas ocorram nos próximos meses, caso o comando do partido no estado não seja repensado.

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