Plano “Punhal Verde e Amarelo” previa também o assassinato do ex-ministro Zé Dirceu

Revelações foram feitas nesta segunda-feira em Brasília pelo jornal “Folha de São Paulo”; plano teria sido concebido pelo general Mário Fernandes, que está preso

Revelações feitas nesta segunda-feira (12), em Brasília, dão conta de que o chamado plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o assassinato de autoridades, concebido no núcleo da trama golpista articulada por militares aliados a Jair Bolsonaro (PL) em 2022, tinha como um de seus alvos o ex-ministro José Dirceu (PT), identificado pelo codinome “Juca”.

Plano “Punhal Verde e Amarelo” previa também o assassinato do ex-ministro Zé Dirceu por influência no atual Governo. Foto: Reprodução

A informação inicial foi dada pelo jornal a Folha de S. Paulo. De acordo com o jornal paulista, o plano teria sido idealizado pelo general da reserva Mario Fernandes e previa a execução de figuras centrais da política brasileira.

Além de Dirceu, eram citados como alvos o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apelidado de “Jeca”, e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), identificado como “Joca”. O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes também figurava como prioridade, embora não recebesse codinome. Em conversa entre de outros grupos, como o que monitorava o ministro, em alguns momentos ele foi chamado de “professora”.

Alvo por influência no governo Lula

A inclusão de Zé Dirceu entre os alvos decorre da percepção do grupo golpista de que o ex-deputado federal ainda exerceria forte influência sobre o governo Lula.

Apesar de não participar de articulações diretas na atual gestão e manter distância institucional do Palácio do Planalto, o ex-ministro continuava sendo visto pelos militares como uma espécie de mentor político do presidente.

No plano, Dirceu é descrito como a “iminência parda do 01 e das lideranças do futuro gov [governo]”, e a justificativa para sua eliminação seria a expectativa de que “a sua neutralização desarticularia os planos da esquerda mais radical”. Ainda segundo o texto do general Mario Fernandes, seu assassinato não causaria “grande comoção nacional”.

O plano previa métodos distintos de execução para cada figura. No caso de Lula, o “Jeca”, o general sugeria o uso de envenenamento, com o objetivo de provocar um “colapso orgânico”, citando a suposta vulnerabilidade de saúde do presidente eleito.

A eliminação de Alckmin, por sua vez, era apontada como suficiente para extinguir a validade da chapa eleita. A Procuradoria-Geral da República (PGR) considera Alexandre de Moraes o principal alvo da trama, embora ele não tenha sido designado por codinome.

A PGR sustenta essa tese com base em elementos como o uso de celulares descartáveis e o monitoramento clandestino promovido por militares, compatíveis com o chamado plano “Copa 2022”, que também previa o assassinato do ministro do Supremo.

O advogado Marcus Vinicius Figueiredo, que defende o general Mario Fernandes, declarou que o plano Punhal Verde Amarelo nunca foi compartilhado e que o general o manteve sob sigilo.

A PGR contesta essa versão. Segundo o procurador-geral Paulo Gonet, o plano não apenas foi redigido como chegou ao conhecimento de Jair Bolsonaro, então presidente da República, que teria “anuído” à proposta.

Um dos indícios citados é o fato de Mario Fernandes ter impresso o documento apenas 40 minutos antes de visitar o Palácio da Alvorada em 9 de novembro de 2022. Apesar disso, o relatório final da Polícia Federal, embora indique que Bolsonaro teve ciência do plano, não registra manifestações do ex-presidente em apoio ou rejeição à proposta.

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) acolheu a denúncia da PGR e transformou Mario Fernandes e outros cinco investigados em réus por tentativa de golpe de Estado. A trama, que incluía o assassinato de autoridades e a ruptura da ordem democrática, segue agora em fase de instrução penal.

A revelação da inclusão de Dirceu na lista de alvos reforça a dimensão do plano arquitetado nos bastidores do poder no fim do governo Bolsonaro, revelando a gravidade das intenções de setores militares que atuaram para sabotar a transição democrática.

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