Prefeito de Assis Brasil explica saída do PT, cita Gladson como exemplo e diz que não apoia o radicalismo

Jerry disse que foi eleito pelo PT, para o seu primeiro mandato, num momento em que a sigla enfrentava uma situação difícil e de decadência no Estado

O prefeito de Assis Brasil, Jerry Correia (PP), foi o entrevistado do podcast do ContilNet, o Em Cena, nesta segunda-feira (12). Na ocasião, ele falou sobre sua mudança de partido, já que passou mais de 20 anos militando no Partido dos Trabalhadores (PT) e foi expulso da sigla.

Prefeito foi o entrevistado do podcast Em Cena/Foto: Reprodução

Jerry disse que foi eleito pelo PT, para o seu primeiro mandato, num momento em que a sigla enfrentava uma situação difícil e de decadência no Estado.

“Fui eleito prefeito pelo PT num momento muito difícil do partido, que já vinha em decadência no Estado do Acre. Já não teve quase candidaturas nos municípios, mas aceitamos aquele desafio. Sempre militei pelo PT. Foi um momento difícil, de decadência. Fiz um esforço danado para tirar a rejeição que existia no partido, mas também sendo grato ao partido que tinha uma militância muito organizada, aguerrida. O Alto Acre é uma região de reduto petista. Vencemos a eleição com discurso moderado, sem esconder o partido, a sigla. Fomos bem sérios, mas evitamos o radicalismo. Esse é o meu perfil até hoje”, pontuou.

“Sendo do PT ou não, as pessoas me conheciam, e foi por isso também que a gente alcançou essa vitória”, acrescentou.

Ao ser questionado sobre o que causou a ruptura com o partido de esquerda e sua ida para o PP, Jerry apontou a aproximação com o governador Gladson Cameli e sua decisão de apoiá-lo no momento em que disputava a reeleição.

“Uma das primeiras afirmações que dei quando assumi como prefeito, ainda no discurso de posse, foi que os interesses de Assis Brasil estavam acima de qualquer interesse, ideológico ou partidário, principalmente. E que eu iria procurar todas as formas e fontes para levar dias melhores ao município. A primeira porta que bati foi a do governador Gladson Cameli, que me recebeu na sua casa antes mesmo de eu assumir a Prefeitura de Assis Brasil. Ali começou um grande compromisso com essa cidade que sofreu tanto. A situação ainda é difícil, mas avançamos muito”, destacou.

Jerry afirma que optou por apoiar o atual governador num cenário de indecisão por parte do PT.

“Bati na porta de todos os parlamentares. Fomos buscando aliança sem sair do partido. Gladson nunca me pediu para sair do partido [o PT]. Mas eu tinha algumas convicções. Quando chegou perto do período eleitoral, eu não tinha como dizer não. Procurei o governador e disse que o apoiaria à reeleição. Até porque o PT estava naquela: tem candidato ou não tem? Uma hora tinha candidato ao governo, outra hora ao Senado. A gente precisava se posicionar. Eu optei por apoiar o governador porque eu sabia o tanto que tínhamos feito por Assis Brasil e que faríamos muito mais se ele fosse reeleito”, salientou.

O prefeito disse que nunca foi pressionado por Gladson para sair do PT e que não perseguiu membros de sua gestão que eram petistas e que decidiram apoiar Jorge Viana na disputa ao governo.

“A população aprovou essa minha tomada de decisão. Eu respeito o partido. O PT tomou uma decisão, a de expulsar o prefeito por infidelidade, no conceito deles, observando o regimento. Eu super respeitei, tanto que não persegui nenhum petista, não demiti. Fui taxado de melancia. Teve secretário meu que apoiou o JV ao governo, e eu não persegui. O atual vice-prefeito é do PT. Conseguimos reunir todas as forças políticas lá em Assis Brasil em torno desse momento importante que a gente vive”, pontuou.

Correia foi questionado também sobre o seu posicionamento ideológico, para além da filiação partidária, considerando seus anos de militância em um partido de esquerda.

“Eu não tenho o mesmo pensamento do PT. É natural, na vida, a gente evoluir, ter conceitos e depois repensar, ter novos conceitos. Eu tive uma base e formação de esquerda, porque desde os 16 anos eu milito no PT. Vivi a maior parte da minha vida no PT, mas sempre fui muito aberto a conhecer, dialogar, a me questionar também. Minha ida ao PP foi um convite direto do governador, mesmo com outros convites, para concorrer à reeleição. Me senti honrado com o convite do governador. Não vou dizer que li toda a cartilha do PP e me identifiquei com a ideologia e, por isso, fui pra lá. Não é assim. Houve uma ruptura. Mas eu vejo o PP como uma casa que muito bem me acolheu. Estou aprendendo a conviver com todos. Respeito o PT, aprendi muito e carrego comigo conceitos e ideologias que levo para a vida toda”, comentou.

Jerry disse que não defende o radicalismo da direita nem da esquerda e fez críticas aos dois movimentos.

“O que tem dividido muito o nosso país é o radicalismo. Tem coisas no PP e na esquerda com as quais eu não concordo mais, assim como tem a extrema direita radical, que não simpatizo nem um pouco. Tem também a extrema esquerda radical”, disse.

“A ideia de jogar o pobre contra o rico, o homossexual contra quem não é. Essa divisão da própria sociedade. Isso a esquerda sabe fazer muito bem, com a pecha de defender as minorias, mas é defender de uma forma que você divide. Eu já não entro mais nesses discursos radicais, assim como a extrema-direita tem também suas pautas radicais, de ataque e afronta. Eu estou bem no PP e não vejo ele como radical. E o maior líder do PP no Acre, o governador Gladson Cameli, tem um perfil com o qual me identifico. Consegue dialogar com pastor, padre, minorias e prefeitos. O radicalismo não contribui em nada”, finalizou.

Veja a entrevista na íntegra:

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