Durante a audiência de instrução e julgamento do empresário Tarcísio Araújo, acusado de feminicídio na morte da cantora Nayara Vilela, uma das testemunhas ouvidas nesta quinta-feira (8) foi a trabalhadora doméstica Maria José Santos, que trabalhou na residência do casal.
Maria José relatou que trabalhava três dias por semana na casa e conheceu Nayara nesse período. Ela afirmou que o casal discutia frequentemente por causa dos dois filhos de Tarcísio.
A testemunha disse ter visto a arma de Tarcísio algumas vezes, sempre perto dele, dentro de casa/Foto: Reprodução
“Eles brigavam por causa dos filhos dele. Ela dizia que não gostava das crianças. Foi o que ela me disse. Eles discutiam e ele saía de casa. Depois voltava e ficava tudo bem”, declarou Maria José.
A testemunha afirmou nunca ter presenciado agressões físicas entre os dois, apenas discussões. No entanto, ao ser questionada pelo juiz se havia notado algum hematoma no corpo de Nayara, ela respondeu afirmativamente.
“Vi marcas nas pernas dela. Quando perguntei o que tinha acontecido, ela disse que tentou pular do segundo andar da casa e ele tentou impedi-la. Por isso ficaram as marcas”, explicou.
A defesa de Tarcísio perguntou a Maria se Nayara apresentava sinais de depressão.
“Não. Ela era alegre, animada, cantava e fazia questão de me mostrar suas músicas. Chamava ele para dançar na cozinha. Era assim”, continuou.
Maria afirmou que Nayara tomava remédios, “mas não eram controlados”:
“Uma vez cheguei e a encontrei na cozinha com a mão cheia de remédios. Ela me disse que havia sido violentada pelo ex-marido da mãe. Perguntei o que a mãe dela tinha feito e ela disse que a mãe ficou do lado do homem”, relatou.
A testemunha disse ter visto a arma de Tarcísio algumas vezes, sempre perto dele, dentro de casa.
“Sempre a vi perto dele, na cabeceira da cama enquanto ele dormia. Na cozinha, ao lado dele, mas quando ele saía, não via mais a arma. Não sei se ele a escondia, mas nunca a vi espalhada pela casa”, pontuou.
Sobre o comportamento de Nayara em relação às saídas de Tarcísio, Maria disse que ela não gostava quando ele ia ao galpão (onde ficam os equipamentos do empresário), próximo à residência do casal.
“Ela não gostava. Tinha ciúmes. Ficava ligando, ligando, até ele atender. Mostrava por vídeo que estava lá. […] Ele quase não saía sem ela. Estavam sempre juntos. […] Ele a incentivava, a apoiava”, concluiu.
Após o depoimento, Maria José foi dispensada pelo juiz Alesson Braz, que conduz a audiência.