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O Japão executou um homem apelidado de “assassino do Twitter”, que foi condenado pelo homicídio e desmembramento de nove pessoas, a maioria mulheres.
Essa é a primeira vez que o país usa a pena de morte em quase três anos.
Takahiro Shiraishi deixa uma delegacia de polícia em Hachioji, subúrbio de Tóquio, em novembro de 2017/Foto: Takuya Inaba/Kyodo News/AP via CNN
Takahiro Shiraishi, de 34 anos, foi enforcado nesta sexta-feira (27) na Casa de Detenção de Tóquio. Ele foi condenado à morte em 2020 depois de se declarar culpado pelos nove assassinatos.
Como o “assassino do Twitter” escolhia as vítimas
Shiraishi foi preso em outubro de 2017 depois que a polícia revistou a casa dele na cidade de Zama, na província de Kanagawa, nos arredores de Tóquio, para investigar o desaparecimento de uma mulher de 23 anos que havia expressado pensamentos suicidas nas redes sociais, incluindo o Twitter, agora conhecido como X.
Três caixas térmicas e cinco contêineres foram encontrados no quarto de Shiraishi, contendo cabeças e ossos humanos com a carne raspada, informou na época a TV Asahi, afiliada da CNN, citando fontes policiais.
O caso gerou grande repercussão no país durante anos e levantou preocupações sobre o uso das redes sociais.
As nove vítimas tinham entre 15 e 26 anos, segundo a emissora pública japonesa NHK e a TV Asahi, que citaram como fonte processos judiciais.
As vítimas postaram online que queriam tirar a própria vida, e foram posteriormente contatadas por Shiraishi através das redes.
Usando um nome que pode ser traduzido livremente como “carrasco”, Shiraishi convidava as pessoas para seu apartamento na cidade de Zama, prometendo ajudá-las a morrer, informou a agência de notícias Jiji, citando a acusação.
Shiraishi se declarou culpado de assassinar as vítimas, dizendo no tribunal que as matou para satisfazer os próprios desejos sexuais, relataram a NHK e a TV Asahi.
Ele foi considerado culpado em dezembro de 2020 por assassinar, estuprar e desmembrar as nove vítimas e guardar seus corpos em seu apartamento.
O advogado de Shiraishi recorreu da decisão para o Tribunal Superior de Tóquio, mas posteriormente retirou o recurso e a sentença foi finalizada, informou a NHK.
“Este caso, motivado por motivos egoístas, como gratificação sexual e financeira, resultou na morte de nove pessoas ao longo de dois meses — algo profundamente grave que causou choque e ansiedade em toda a sociedade”, disse o ministro da Justiça japonês, Keisuke Suzuki, a repórteres nesta sexta-feira (27).
“Entendo que seja um caso especialmente doloroso para as vítimas e suas famílias”, concluiu.
Pena de morte no Japão é rara
Após a notícia da execução, o pai de uma das vítimas de Shiraishi disse à NHK que preferia vê-lo “passar a vida refletindo sobre os crimes que cometeu, do que simplesmente perder isso com a pena de morte”.
A execução de Shiraishi é a primeira que o país registra desde julho de 2022, informou a NHK.
No Japão, a pena de morte é aplicada por enforcamento. As execuções são envoltas em segredo com pouco ou nenhum aviso, e as famílias e os advogados geralmente são notificados somente após o ocorrido.
“A sentença de morte foi finalizada após um processo de julgamento completo. Após consideração cuidadosa e deliberada de todos os fatores, emiti a ordem de execução”, disse Suzuki.