Em um marco histórico para a agroindústria do Vale do Juruá, foi inaugurado na manhã deste sábado (28) o Complexo Industrial do Café no município de Mâncio Lima. A cerimônia contou com a presença da diretora da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Perpétua Almeida, que destacou o empreendimento como exemplo de eficiência no uso de recursos públicos e compromisso com o desenvolvimento regional.
“Isso aqui é o trabalho do Governo Federal, através da Nova Indústria Brasil, chegando para cumprir a missão de transformar a vida de quem vive da colheita, do plantio, do café. Aqui é o dinheiro público bem aplicado, chegando no lugar certo, para as pessoas certas”, afirmou a diretora, ao destacar o impacto direto do projeto na geração de renda, emprego e dignidade para produtores locais.
Complexo vai beneficiar produção de cooperados e agricultores independentes
A obra foi concluída em tempo recorde de menos de 15 meses, desde a assinatura da ordem de serviço até os testes finais da planta industrial. A estrutura do complexo é voltada para o beneficiamento, torrefação, empacotamento e comercialização do café produzido na região, com foco em cooperativas, pequenos produtores e agricultores familiares. Além disso, foram instalados terreiros suspensos para o beneficiamento inicial do grão, inclusive para produtores que vivem longe da sede do empreendimento.
Segundo Perpétua, a iniciativa faz parte do plano estratégico da Nova Indústria Brasil, política nacional de reindustrialização com foco na sustentabilidade, inclusão produtiva e fortalecimento das cadeias agroindustriais. “Estamos empoderando cooperativas, incluindo as mulheres nesse processo, e garantindo que a produção seja valorizada. A nossa missão é industrializar a base e colocar mais dinheiro no bolso de quem produz”, reforçou.
Investimento superior a R$ 10 bilhões e parcerias locais
O projeto é fruto de um esforço conjunto entre a ABDI, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), cooperativas regionais, o Instituto Amazônia Sustentável (ligado à Confederação Nacional da Indústria) e o apoio dos governos estadual e municipais da região do Juruá. Ao todo, os investimentos já superam os R$ 10 bilhões, somando recursos financeiros, técnicos e estruturais.
A diretora da ABDI também destacou que a agência atua em parceria com instituições de ensino, como Institutos Federais, para ampliar a capacidade técnica e científica dos produtores, com foco na análise de solo e melhoria da produtividade. “Hoje, sequer temos um laboratório de análise de solo na região. Tudo precisa ser enviado para fora. Isso precisa mudar e a ABDI está aqui para ajudar nesse processo”, disse.
Garantia de funcionamento e desenvolvimento contínuo
Durante a inauguração, Perpétua alertou para o histórico de empreendimentos no Acre que foram esquecidos após a construção, como o antigo complexo da piscicultura. Segundo ela, o modelo adotado com o Complexo Industrial do Café tem um diferencial essencial: a gestão direta pelas cooperativas, garantindo não apenas a continuidade do funcionamento, mas também a participação ativa dos produtores na governança do negócio.
“Esse complexo nasce com raízes no chão, com envolvimento da comunidade, dos cooperados e das instituições locais. Não é uma obra feita de cima para baixo. Aqui, o protagonismo é de quem planta o café”, afirmou.