Mal conseguimos ver o vilão cartilaginoso de “Tubarão” antes que ele ataque uma banhista solitária, um cachorro, um garotinho e um pescador excessivamente confiante.
Demora quase duas horas até finalmente vermos o grande tubarão-branco saltar da água para engolir o veterano durão Quint. Até lá, só conseguimos ver de relance sua barbatana dorsal antes que as vítimas sejam puxadas para debaixo das ondas, enquanto a água ao redor delas assume a cor de ketchup.
“Tubarão” é creditado como o filme que inventou o conceito de blockbuster de verão. Ele inspirou décadas de filmes de monstros e de suspense. Também deu início a todo um subgênero de terror centrado em tubarões (com resultados cada vez mais fracos). E ainda alimentou nosso medo dos tubarões como monstros devoradores de homens, disse Jennifer Martin, historiadora ambiental que dá aulas na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara.
“Estou me esforçando para pensar em outro exemplo de filme que tenha moldado tão fortemente a nossa compreensão de outra criatura,” disse ela. “Eles eram máquinas de matar. Não eram realmente criaturas. Não tinham um papel ecológico.”
Cinquenta anos depois, “Tubarão” continua explorando nossos medos existentes do desconhecido que habita o oceano. O filme chegou até a influenciar, por um breve período, a popularidade de torneios de caça aos tubarões após seu lançamento, contou Martin. Mas também despertou o interesse de biólogos marinhos e pesquisadores a entender melhor o tubarão “desvairado” que está no centro da história.