LTA Sul 2025: Tinowns anuncia pausa: “folga merecida depois de 12 anos”

Mid laner da LOUD e hexacampeão do CBLOL falou em exclusiva sobre motivações da pausa, possibilidade de retorno ao competitivo e impacto da barreira entre título mundial e cenário brasileiro na decisão de se ausentar

Thiago “Tinowns” Sartori, meio da LOUD no League of Legends, anunciou uma pausa na carreira durante a transmissão deste sábado da final da Chave Inferior da LTA Sul, entre Isurus Estral e FURIA. Em entrevista exclusiva, jogador hexacampeão do CBLOL e último atleta da primeira geração do LoL brasileiro falou sobre promessa pessoal, o atual momento do cenário, possibilidade de atuar em outras modalidades, e impacto da distância do título mundial na decisão de pausar a carreira no League of Legends.

Tinowns, jogador do time de LoL da LOUD, segura o troféu de campeão do 2º Split do CBLOL 2023 após vitória contra paiN Gaming na final — Foto: Bruno Alvares & Cesar Galeão/Riot Games

No início da semana, já começaram a surgir rumores de uma possível pausa do atleta, mas foi só durante a transmissão deste sábado que Tinowns se pronunciou. A decisão sucede eliminações precoces da LOUD no 2º split do CBLOL 2024 (4º lugar) e na própria LTA Sul 2025 (1º Split – 3º lugar e 2º Split – 4º/5º). Tinowns justificou a pausa pela perda da motivação e dedicação que o caracterizaram por 12 anos de trajetória. Sua saída marca o fim de uma era, já que é o último remanescente da primeira geração de jogadores profissionais de LoL no Brasil (2012-2013), consolidando seu legado como um dos atletas de maior longevidade e consistência no cenário nacional.

A importância de Tinowns para o League of Legends brasileiro é inquestionável, alicerçada em um histórico de conquistas e um nível de jogo singular. Hexacampeão do CBLOL, ele detém o recorde de quatro títulos consecutivos com a LOUD (2022.2, 2023.1, 2023.2 e 2024.1), organização onde se tornou um ícone, embora sua primeira conquista de título do CBLOL tenha sido em 2014, com a KaBuM! Esports. O atleta também também adicionou mais uma conquista à prateleira com a paiN Gaming em 2021, quando encerrou um jejum de sete anos sem títulos.

Em 590 jogos disputados, Tinowns registrou 337 vitórias (57.1% de aproveitamento), 2.259 abates, 984 mortes e 3.588 assistências, números que não apenas atestam uma dominância individual, mas também um impacto coletivo, solidificando sua posição como uma referência para a comunidade e futuras gerações de jogadores. Em entrevista exclusiva com a Player1 e ge, Tinowns explicou um pouco mais sobre o que o levou à pausa.

Promessa pessoal e fase complicada

Já havia um debate correndo nas redes sobre uma possível falta de gás do mid laner nos últimos meses, desde a eliminação no segundo split do CBLOL até os últimos desempenhos da LOUD nos dois splits da LTA Sul até aqui. A comunidade tende a seguir os jogadores favoritos e acompanhar de perto os treinamentos, e Tinowns que é uma figura adorada no LoL brasileiro, também passa por esse “crivo” mais atento. Já começava a se falar das poucas solo queues jogadas e de falta de motivação nos bastidores.

Escolhendo por manter sua relação com a comunidade, Tinowns, como disse no post de despedida, reforçou essa promessa que manteve consigo de sempre atuar no mais alto nível e entender o tamanho de sua história e quando ela devia acabar, com o respeito que ela merece.

– Eu tinha feito uma promessa comigo mesmo que sempre que eu sentisse que eu não tivesse mais o mesmo esforço, a mesma vontade de ganhar, de treinar, que são coisas que sempre me moveram pra continuar competindo, evoluindo, eu daria uma pausa. Eu acho que no último ano eu já não estava mais com a mesma vontade, o pessoal comentava bastante, o pessoal viu que eu não estava nem jogando solo queue direito, então eu vi que era o mais justo fazer no momento, comigo, quem gosta de mim e quem sempre me acompanhou. É um momento de reencontro comigo mesmo, ver novos caminhos, se reacende essa chama pelo jogo – disse Tinowns em exclusiva.

É o fim ou uma pausa?

Na transmissão, o atleta fez questão de dizer que isso é uma pausa, mas no papo que tivemos, também disse que há a possibilidade de não voltar à competir profissionalmente, e se voltar, ainda pode se aventurar por outras modalidades que não o LoL, como foi o caso do Sacy, que saiu do mesmo jogo para o Valorant e acabou fazendo história.

– Cara, existe (a chance de não voltar), não vou mentir, mas sendo bem sincero eu amo esse cenário, o jogo, estar competindo, então pode ser que nem seja no LoL, pode ser em outro jogo. Talvez, eu esteja competindo, treinando novamente, mas é um momento que eu realmente estou zerado. Tem muitas portas se abrindo, mas são oportunidades que eu vou ter que estudar, ver o que eu quero pra minha vida pra depois tomar uma decisão – revelou o mid laner.

Orgulho pela caminhada

Com uma caminhada tão diversa de altos e baixos, como representar o Brasil no mundial, passar por um jejum de 7 anos sem título, conseguir voltar ao alto nível, atuar pela paiN, depois LOUD, ficou a dúvida de qual momento foi mais recompensador ou marcante, mas o atleta fez questão de ressaltar que a caminhada toda é motivo de celebração, e com tantos momentos marcantes, não consegue escolher só um.

– Eu tenho muito orgulho do começo até o final. Eu passei por tudo, fui pro Mundial, já caí pro Circuitão, já voltei, já ganhei o CBLOL, joguei com jogadores incríveis, joguei com time ruim, com time bom, enfim eu já vivi de tudo, então não tem um momento especial, eu tenho orgulho por toda a trajetória que eu fiz – brincou Tinowns

Descanso merecido

Depois de quase 12 anos de carreira, o atleta foi questionado sobre quaisquer aspectos que poderiam fazer falta nesse primeiro momento, entrosamento com os colegas, torcida, etc. Ele brincou dizendo que agora está aproveitando tanto a paz do descanso que não se vê sentindo saudade, pelo menos por enquanto.

– (sobre saudades no primeiro momento) No momento não, viu? No momento eu tô bem tranquilinho em casa, de férias, acho que são folgas merecidas depois de 12 anos nessa rotina, que, o pessoal pode não entender, mas é cansativa. Você tem que lidar com pessoas diferentes, estando mais na rotina do office do que da sua própria casa. Você chega em casa, joga mais LoL, pensa LoL, come LoL, então eu tô meio aliviado dessa parte, que é uma rotina realmente estressante. Eu mesmo não sei como eu aguentei até hoje, eu brincava com isso antes, mas tô bem feliz que nesses 12 anos eu fiz tudo com muito carinho, com muito amor, e, pô, aguentei bastante tempo – brincou Tin.

Distância do título mundial desanima?

Além do Tinowns, DyNquedo também se aposentou depois das críticas e do desempenho na LTA Cross-Conference, quando a paiN foi eliminada pela 100 Thieves, da LTA Norte. Agora, com a saída do Tin, se reacende o debate acerca da distância entre a região brasileira e as outras regiões do mundo. Relacionando a saída de DyNquedo e agora a do próprio Tinowns, questionamos se a consciência dessa distância também foi um fator de decisão para o anúncio da pausa.

– Cara, todo mundo pensa muito sobre (a distância), mas eu acho que o verdadeiro baque é quando você vai lá pra fora e tem uma rotina com os times lá de fora e disputa contra eles no campeonato em si. (a barreira) Existe, é um fato. A nossa região hoje, acho que dá pra ser colocada como uma das piores, se não a pior, oficialmente falando, da LTA, da Riot, então é algo difícil, realmente. Com os jogadores que a gente tem aqui no Brasil, você vendo os times lá de fora, é um milagre pra gente conseguir fazer uma história, ganhar de um time chinês, europeu, que seja, tier 1, tier 2. É uma barreira que sempre foi difícil mas uma hora tem que acontecer – disse um esperançoso Tinowns.

O jogador ainda falou que apesar da distância, ele vê um título brasileiro como algo possível, e sugeriu essa mentalidade esperançosa para os jogadores que ficam no cenário e para os próximos que vão chegar.

– Eu acredito muito nisso, ainda mais eu que sou um cara muito esperançoso, sempre acreditei. O meu primeiro título, por exemplo, eu ganhei em 2014, e depois fui ganhar em 2021. Então assim, na minha cabeça, vai dar certo, uma hora vai acontecer. E espero que os times e os jogadores que continuam aí, tenham essa mentalidade também.

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