Durante o lançamento das ações do Mês do Meio Ambiente, realizado nesta terça-feira (3) no auditório do Museu dos Povos Acreanos, o secretário de Meio Ambiente do Acre, Leonardo Carvalho, reconheceu abertamente o aumento no desmatamento no estado e detalhou medidas que estão sendo tomadas para conter a situação.

Leonardo Carvalho foi na contramão do gestor máximo do estado/Foto: Cedida
A fala do secretário, baseada em dados e observações técnicas, contrasta com a postura do governador Gladson Cameli, que questionou a veracidade de um relatório divulgado pela Rede MapBiomas.
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Segundo Carvalho, o Acre vem registrando um crescimento nos índices de desmatamento desde o ano passado. “Efetivamente, a Amazônia inteira teve muitos episódios de queimadas, que precedem o desmatamento. A gente percebeu essa evolução e começou o planejamento ainda em fevereiro deste ano, na época das chuvas, atuando em regiões como Acrelândia”, afirmou.
O secretário também apontou uma tendência de aumento do desmatamento em períodos eleitorais, o que, segundo ele, é verificado nos dados históricos. Apesar de o estado ter registrado dois anos consecutivos de redução no desmatamento, Carvalho admitiu que houve uma “leve oscilação” nos números recentes. “Mesmo os números não sendo os oficiais que acompanhamos, utilizamos os dados do INPE, percebemos essa oscilação e estamos trabalhando para revertê-la com ações integradas”, disse.
Entre as medidas citadas por Carvalho estão o reforço das ações preventivas antes do início da temporada de seca, a criação de brigadas comunitárias em unidades de conservação e a ampliação da atuação conjunta com o Corpo de Bombeiros e o Governo Federal. “Vamos ter 50 brigadistas já treinados, o Corpo de Bombeiros está reforçado com novos equipamentos e também estamos atuando em maior integração com o Governo Federal”, completou.
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Em contraste com o tom técnico e realista do secretário, o governador Gladson Cameli minimizou o conteúdo do relatório da Rede MapBiomas, que apontou um aumento de 31% no desmatamento no estado. “Eu não concordo com esse relatório. Vamos olhar proporcionalmente o que cada estado fez, e se você olhar bem, é tudo interpretação. Aí fica pra quem quer interpretar o lado positivo e o lado negativo”, afirmou o governador, em tom de desconfiança em relação à metodologia do estudo.