Na manhã desta terça-feira, 17, profissionais da saúde estadual realizaram uma manifestação em frente ao Hospital da mulher e da crônica do Juruá, em Cruzeiro do Sul, como parte de uma mobilização coordenada em diversas cidades do Acre, incluindo a capital, Rio Branco. O ato foi organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado do Acre (Sintesac) e teve como foco a exigência de aprovação e priorização do novo Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) da categoria.

Servidores da saúde protestam em Cruzeiro do Sul por novo plano de carreira e salários mais justos. Foto: Reprodução
A manifestação reuniu técnicos, enfermeiros, auxiliares, servidores administrativos e outros trabalhadores do sistema público de saúde, que pedem valorização profissional e melhores condições de trabalho. Segundo os manifestantes, a defasagem salarial e o acúmulo de jornadas extras têm levado ao adoecimento físico e mental dos servidores.
“O PCCR está parado há 25 anos”, denuncia representante sindical
Lisiane Onofre, representante do Sintezac em Cruzeiro do Sul, explicou que a categoria enfrenta uma realidade crítica há décadas.
“O PCCR está parado há 25 anos. A classe da saúde precisa urgentemente dessa reformulação. Muitos servidores estão adoecendo por excesso de trabalho e falta de valorização. Tem profissionais tirando até 15 plantões extras por mês para complementar o salário, e muitos já estão com idade avançada para continuar nessa rotina exaustiva”, afirmou.
Ela também criticou o argumento do governo estadual de que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) impede avanços no plano.
“O governo tem margem para organizar as finanças. O que pedimos é compromisso com a saúde. Esse movimento de hoje é um aviso: se não houver avanço, podemos partir para paralisação”, alertou.
“Só quero um salário digno”, diz servidora de 70 anos
O ato também foi marcado por relatos emocionantes, como o da servidora Irismar Maria Lotos de Freitas, de 70 anos, que trabalha há quase quatro décadas no sistema público de saúde.
“Eu ganho R$ 1.400. Não posso me aposentar, porque o valor da aposentadoria não cobre nem meus remédios, nem uma consulta. Estou aqui pedindo clemência ao governador. Trabalhei durante a pandemia, continuo na luta, e tudo que quero é um salário digno para poder ir pra casa com dignidade”, desabafou.
Mobilização pode evoluir para paralisação
A categoria afirma que essa foi uma mobilização de alerta, e que aguarda uma posição do governo estadual quanto ao andamento do PCCR. Caso não haja resposta ou avanço nas negociações, o movimento pode evoluir para paralisações parciais ou greve geral dos servidores da saúde.