Uma onda de mortes de cavalos por todo o Brasil está sendo associada ao consumo de ração da Nutratta Nutrição Animal Ltda., empresa sediada em Itumbiara (GO). Estima-se que mais de 650 equinos tenham falecido nos últimos dois meses, incluindo o renomado garanhão mangalarga marchador Quantum de Alcatéia, avaliado em aproximadamente R$ 12 milhões, com perdas adicionais de quase R$ 30 milhões em lucros cessantes. A morte de Quantum ocorreu há uma semana.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) acompanha o caso e chegou a suspender a comercialização do alimento, embora seus registros apontem 220 mortes até o momento. A advogada Maria Alessandra Agarussi, que representa vários criadores e monitora os óbitos, ressalta a importância de que todos os casos sejam denunciados ao ministério para que o número real de vítimas seja devidamente contabilizado.
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Animais de raça e a luta por justiça
Além do Quantum Alcatéia, a advogada informa que outros cavalos e éguas campeões, assim como animais “comuns”, foram vítimas da suposta ração contaminada. Casos foram registrados em diversos estados brasileiros, como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Alagoas, Bahia, Rio Grande do Norte e Goiás.
Os problemas começaram há cerca de 40 dias e persistem. Os cavalos afetados apresentam sintomas como desorientação, alterações de comportamento, mudanças na locomoção, perda de apetite e prostração.
Um grupo de WhatsApp denominado “Vítimas do Caso Nutratta”, com 406 membros, e um perfil nas redes sociais com mais de 600 seguidores, reúnem relatos e buscam apoio. Segundo Agarussi, além das quase 700 mortes, aproximadamente 367 animais estão em tratamento e 212, sob observação clínica. “Os casos aumentam diariamente. Mortes são observadas em todo o país”, lamenta a advogada.
Maria Alessandra coordena o grupo, que reúne centenas de depoimentos de perdas em haras e centros de treinamento. Embora o grupo se organize para tomar providências judiciais, todas as ações estão sendo ajuizadas individualmente. Elas buscam a recomposição do dano material (valor do animal, despesas com tratamento veterinário e exames, e lucro cessante, se aplicável) e também o dano moral. “A situação não é mero aborrecimento”, enfatiza a advogada, mencionando que alguns cavalos eram usados em terapias, e há criadores em depressão devido às perdas.
Defesa da Nutratta
Em nota, a Nutratta negou a quantidade de mortes e lamentou o ocorrido, afirmando que colabora integralmente com as investigações. A empresa destacou que as análises laboratoriais preliminares do Mapa indicaram a presença de monocrotalina no produto Foragge Horse, uma substância natural produzida por plantas do gênero Crotalaria, que pode estar presente em matérias-primas vegetais. A empresa classifica o evento como uma “fatalidade, caso isso venha a ser confirmado”.
Diante da situação, a Nutratta informou ter adotado medidas adicionais de autocontrole, incluindo o reforço de análises laboratoriais, revisão de protocolos de qualificação de fornecedores e rastreabilidade de matérias-primas, além de reestruturação do layout fabril e revisão dos processos sanitários internos.
A Nutratta ressalta que vem adotando todas as providências para mitigar os efeitos da situação, oferecendo suporte técnico aos clientes, rastreando os lotes envolvidos e revisando seus processos. A empresa enfatiza que não há, até o momento, uma conclusão definitiva sobre o nexo de causalidade entre os casos e seus produtos. Além disso, a Nutratta conseguiu uma liminar na Justiça Federal para restabelecer o funcionamento da produção e comércio de produtos não destinados a equinos.
A empresa finaliza a nota reafirmando seu compromisso com a qualidade, segurança alimentar e bem-estar animal, e permanece à disposição das autoridades e da sociedade para prestar os esclarecimentos técnicos necessários.
Fonte: Metrópoles
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