Com 5% das exportações para os EUA, Acre não terá impacto com ‘tarifaço’ de Trump

Países como o Peru, os Emirados Árabes Unidos e a Turquia têm maior participação nas exportações acreanas

O aumento de 50% na tarifa de importação dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, anunciado no dia 9 de julho pelo governo de Donald Trump, deve ter impacto limitado nas exportações do Acre. A avaliação do cenário conta no Boletim de Conjuntura Econômica da Otimiza Consultoria, divulgado neste mês, que analisou os efeitos da nova medida sobre os estados brasileiros.

Segundo o boletim, a economia acreana não depende significativamente do mercado norte-americano. Em 2024, apenas 5,17% das exportações do estado tiveram como destino os Estados Unidos, o equivalente a aproximadamente US$ 4,5 milhões, de um total de US$ 87,2 milhões exportados pelo Acre ao longo do ano. Os principais produtos exportados foram soja, castanha-do-pará, madeira tropical e madeira perfilada.

O documento alerta que a nova tarifa pode comprometer a competitividade de produtos brasileiros em nível nacional/ Foto: Getty Images

Embora produtos como madeira de mogno e madeira compensada sejam majoritariamente enviados aos EUA, com 89,4% e 93% das exportações, respectivamente, os valores totais não são expressivos o suficiente para gerar grandes perdas para o estado. A castanha-do-pará, por sua vez, teve 56,8% de sua exportação destinada ao mercado norte-americano, mas ainda dentro de uma faixa que não compromete o desempenho geral da balança comercial acreana.

O relatório destaca ainda que países como o Peru, os Emirados Árabes Unidos e a Turquia têm maior participação nas exportações acreanas. Em 2024, o Peru comprou cerca de US$ 15,8 milhões em carnes suínas e mais de US$ 5,5 milhões em castanhas com casca.

Já os Emirados Árabes importaram quase US$ 12 milhões em carne bovina congelada proveniente do Acre. A Turquia também teve participação expressiva, adquirindo aproximadamente US$ 7,8 milhões em carnes bovinas congeladas e resfriadas.

O Boletim de Conjuntura Econômica reforça que, enquanto estados como Ceará, Espírito Santo e São Paulo concentram entre 19% e 45% de suas exportações no mercado norte-americano, o Acre mantém relações comerciais mais diversificadas, o que reduz sua vulnerabilidade a barreiras tarifárias impostas pelos EUA.

Apesar do efeito reduzido no cenário local, o documento alerta que a nova tarifa pode comprometer a competitividade de produtos brasileiros em nível nacional, principalmente em setores como o café, o aço e a carne. A medida tende a tornar os produtos nacionais mais caros para o consumidor norte-americano, favorecendo concorrentes de outros países.

No caso específico do Acre, a conclusão do boletim é de que o estado deve sentir pouco ou nenhum reflexo direto da medida, graças à baixa exposição ao mercado dos Estados Unidos e à força crescente de parceiros comerciais na América do Sul e no Oriente Médio.

 

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