Escândalo: ração contaminada já matou quase 300 cavalos

Criadores relatam ao menos 290 óbitos no estado; Ministério da Agricultura proibiu comercialização de produtos da empresa Nutratta e investiga o caso

Ao menos 290 cavalos morreram nos últimos dois meses no estado de São Paulo após consumirem rações da empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda.. Atualmente, cerca de 250 animais estão em tratamento intensivo.

A maioria dos casos foi registrada no interior de São Paulo, em cidades como Campinas, Sorocaba, Itu, Jundiaí, Jarinu e Indaiatuba, além da região metropolitana. Os dados são de um levantamento organizado pela advogada Maria Alessandra Agarussi, que representa criadores afetados.

“Os casos aumentam diariamente. Mortes são observadas em todo o país”, lamenta a advogada, que coordena o grupo “Vítimas da Nutratta”, reunindo centenas de depoimentos de perdas em haras e centros de treinamento. O grupo se organiza para tomar providências judiciais, mas todas as ações estão sendo ajuizadas individualmente.

Material cedido ao Metrópoles

Segundo a estimativa, no Brasil, já foram contabilizadas 650 mortes de cavalos após terem comido ração contaminada. Além disso, há 367 animais em tratamento e 212 sob observação clínica. Além de São Paulo, há casos de óbitos em decorrência da ingestão da ração em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Alagoas, Bahia, Goiás e no Rio Grande do Norte.

Sintomas e o terror dos criadores

Entre os sintomas observados nos animais estão desorientação, alterações de comportamento e mudanças na locomoção. “O primeiro é o apetite, eles perdem. Na sequência, eles começam a querer ficar prostrados, encostam a cabeça na parede, daqui a pouco eles começam a bater mesmo a cabeça na parede, morder”, detalha Marcos Barbosa, dono do haras Dia de Sol, na zona rural de Guarulhos, Região Metropolitana de São Paulo.

Barbosa perdeu nove cavalos desde maio, com dois óbitos registrados na última terça-feira (1º de julho). “Nem sei mais qual é o sentimento, fiquei até o último minuto com todos os nossos animais. Estou anestesiado até”, avalia.

“Todo o possível estamos fazendo, mas pedindo somente a Deus que nos livre desse sofrimento. Estamos vendo nossos animais morrerem sufocados, raspando a cabeça na parede… é desumano”, indigna-se. “Estamos passando momentos de terror”, define Barbosa.

Investigação e medidas tomadas

Em 17 de junho, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) determinou o recolhimento de todos os produtos destinados a equídeos, fabricados a partir de 21 de novembro de 2024. A pasta iniciou uma investigação para apurar as mortes. No dia 25, via ofício, comunicou a constatação da presença de substâncias tóxicas em rações para cavalos.

Ao Metrópoles, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que, até o momento, não há investigações policiais em andamento sobre o assunto.

Cronologia e a empresa investigada

  • Em 4 de junho, o Ministério da Agricultura havia suspendido a comercialização das rações fabricadas a partir de 8 de março deste ano. Naquela época, o número total de cavalos mortos era de 63.
  • As apurações foram iniciadas em 26 de maio.
  • As mortes de cavalos após consumo de ração contaminada vêm ocorrendo desde abril.
  • A empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda. está sob investigação.
  • A comercialização dos produtos foi suspensa por risco à saúde animal.
  • Segundo o Mapa, de acordo com a legislação vigente, o fabricante é responsável por adotar medidas de autocorreção, incluindo o recolhimento dos lotes afetados.

Procurada pelo Metrópoles via e-mail, WhatsApp e ligações, a empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda. não se manifestou sobre as mortes dos cavalos devido ao consumo de ração contaminada até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para pronunciamentos.


Fonte: Metrópoles

Redigido por ContilNet.

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