A tradicional piracema do mandi teve início nesta terça-feira (1) em Boca do Acre, no sul do Amazonas, com a migração de grandes cardumes em direção às cabeceiras dos rios. O fenômeno, que marca a fase reprodutiva de várias espécies aquáticas, surpreendeu pescadores locais ao ocorrer sob uma frente fria que derrubou a sensação térmica para 11°C — temperatura considerada incomum na região amazônica.
A movimentação dos peixes foi registrada na confluência dos rios Purus e Acre, ponto conhecido pela intensa atividade pesqueira artesanal. Além dos mandis, também foram avistados surubins, espécie de maior porte que costuma aparecer em momentos diferentes do ciclo reprodutivo, o que chamou a atenção de biólogos e pescadores.

A movimentação dos peixes foi registrada na confluência dos rios Purus e Acre / Foto: Reprodução/Notícias da Hora
De acordo com especialistas que atuam na região, a combinação entre a queda brusca de temperatura e o nível moderado das águas pode ter favorecido o agrupamento dos peixes nas margens dos rios. Esse cenário teria facilitado tanto o deslocamento das espécies rio acima quanto a captura pelas comunidades locais. A piracema do mandi, em geral, ocorre no período em que os rios começam a baixar após as cheias do primeiro semestre, mas fatores climáticos podem adiantar ou atrasar esse comportamento natural.

A tradicional piracema do mandi teve início nesta terça-feira (1) em Boca do Acre / Foto: Reprodução
Com a expectativa de que o fenômeno continue nas próximas semanas, os pescadores aguardam condições favoráveis para manter a atividade. Até o momento, não há registro de restrições por parte de órgãos ambientais, mas especialistas alertam para a necessidade de fiscalização e manejo sustentável dos recursos, garantindo o equilíbrio entre a tradição da pesca e a preservação dos ecossistemas aquáticos.