Casal dono de creche é indiciado pela Polícia Civil acusado de maus tratos e castigos a crianças

Estabelecimento funcionava desde 2014 sem licença e sob uma série de irregularidades; creche situada no Bairro Jorge Lavocat teve o funcionamento suspenso

Os donos da Creche Recreação Kids, situada no bairro Jorge Lavocat, em Rio Branco (AC), Helena Araújo Mendes e Francisco Chagas Batista Mendes, estão indiciados desde a última quinta-feira (22), por maus-tratos contra menores. A creche também está momentaneamente proibida de funcionar.

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A decisão pelo fechamento da creche e o indiciamento do casal de proprietários foi da delegada de Polícia Civil Carla Fabíola Coutinho, com base em investigações a partir de denúncias de um grupo de mães e pais de alunos.

Ex-servidoras da creche também auxiliaram nas investigações. Uma delas relatou à polícia que presenciou cenas chocantes praticadas pela dona da instituição, Helena Mendes, como comparar crianças com Transtorno do Espectro Autista a demônios. Imagens gravadas por funcionárias da creche também revelam uma criança amarrada em uma cadeira de plástico com uma fralda e chorando bastante, além de outras crianças dormindo no chão dos cômodos ou em cima de pedaços de pano espalhados pela sala. As crianças filmadas sentados em cadeiras de plástico sozinhas teriam sido colocados nessa posição como forma de castigo, uma prática comum na creche.

Algumas agressões foram presenciadas em um momento de oração, quando a dona da creche reunia as crianças para um rito religioso. Segundo a ex-servidora, os maus-tratos na creche são comentados no bairro entre os moradores, contudo, ninguém nunca teve coragem de denunciar.

A Creche Recreação Kids fica no bairro Jorge Lavocat/Foto: Foto: Andryo Amaral/Rede Amazônica

Ao chegar em casa e relatar um episódio que presenciou, a ex-funcionária relembrou que a irmã dela falou que ela ia descobrir se o que falavam no bairro eram apenas boatos ou não. “Aí eu descobri realmente, porque lá começa o dia com uma roda de oração. Quando se inicia essa roda de oração já se inicia a agressão porque as crianças menores não querem ficar, não querem dar a mãozinha para o outro coleguinha, aí ela já começa a bater dali”, relembrou a ex-servidora.

Mesmo presenciando essas situações, a mulher explicou que contou apenas para parentes em casa. Ela afirmou que chegou a desconfiar de algo quando foi para a entrevista de emprego, em julho de 2023, e disse que gostava muito de crianças.
“Ela olhou pra mim e disse assim: mas, eu não preciso de pessoas que gostem de criança aqui não. Preciso de pessoas que tenham pulso firme, não preciso de funcionário que fique babando criança, meu foco é arranjar pessoas que tenham pulso firme com eles”, relatou a ex-servidora.

A partir dessas informações, algumas mães recorreram ao Ministério Público Estadual (MPAC) para denunciar a diretora da instituição em dezembro do ano passado. Acionada, a Polícia Civil entrou nas investigações e descobriu, entre outras irregularidades, que a creche funcionava desde 2014 de forma irregular, como, por exemplo, com falta de alvará de funcionamento, documentação da Vigilância Sanitária e, além disso, não disponibilizava de nutricionista para montar o cardápio das crianças.

Com as denúncias das mães, as promotorias de Justiça Especializada de Defesa da Criança e do adolescente instauraram ação civil pública com pedido de liminar na Justiça para a suspensão das atividades na instituição. Os maus-tratos às crianças fram documentos em vídeos, fotos e áudios, mostramdo situações de violência física e psicológica as quais as crianças eram submetidas.

A delegada Carla Fabíola Coutinho disse que, equipes da Delegacia de Atendimento à Criança e ao Adolescente Vítima (Decav), responsável pela investigação, fizeram diligências no local, ouviram testemunhas, crianças maiores de quatro anos matriculadas na creche e interrogaram os investigados.

A delegada informou que os suspeitos, ao deporem em sede policial, alegaram que achavam normal o tratamento dado às crianças. “Achavam que era uma forma de tratamento sendo que era revestido de maus-tratos, era uma forma agressiva de estar ensinando a criança, o que é totalmente condenável”, disse a delegada.

Os pais das crianças revelaram que perceberam que os filhos não avançavam nos estudos, que demoravam a aprender a falar e alguns demostravam medo quando o nome de Helena Mendes era citado. “Quando o nome da proprietária era citado as crianças ficavam em choque, em pânico, começavam a chorar, tensas e também não queriam voltar para a creche”, disse a delegada, com base nos relatos dos ais de algumas crianças.

Com o indiciamento dos proprietários da creche, significa que o processo foi concluído e encaminhado à Justiça. Caso sejam condenados, o casal pode pegar até dois anos de prisão. Procurados pela reportagem do ContilNet, o casa de proprietários da creche não respondeu às tentativas de contatos.

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