♪ OPINIÃO – Turnês de despedidas mobilizam seguidores e fãs com o mesmo fervor provocado pelos cada vez mais recorrentes anúncios de que bandas em recesso voltarão à cena com shows retrospectivos. São dois lados da mesma moeda de um mercado acionado pela saudade.
Ontem, 26 de fevereiro, foi a vez de a banda de reggae Natiruts comunicar o fim, anunciado estrategicamente com a notícia de que o grupo capitaneado pelo vocalista e guitarrista Alexandre Carlos vai se despedir do público com turnê pelo Brasil.
A turnê do show retrospectivo Leve com você está programada para começar em 8 de junho por Brasília (DF) – cidade onde a banda Natiruts foi formada em 1996, então com o nome de Nativus, (trocado em 1999 por Natiruts por questão jurídica) – e, por ora, segue em cena até 7 de dezembro com apresentação em Belém (PA), passando por 18 cidades do Brasil.
Bastou a banda de reggae anunciar a despedida para os fãs do Natiruts manifestarem tristeza nas redes sociais. É natural que os seguidores mais fiéis se sintam melancólicos com a saída de cena de um grupo que acompanharam nos palcos e nos discos.
Mas é mais natural ainda que uma banda com quase 30 anos de de estrada – no caso do Natiruts, são precisamente 28 anos de trajetória profissional – sinta que é hora de parar. Porque é raro uma banda atravessar décadas sem sofrer com o desgaste criativo.
Com o fim do Natiruts, Alexandre Carlo obviamente seguirá em carreira solo. Até porque Carlo já personificava a banda que trilhava o caminho do reggae de estilo good vibes.
Projetada há 27 anos com os sucessos Liberdade pra dentro da cabeça (Alexandre Carlo, 1997) e Presente de um beija-flor (Alexandre Carlo, 1997), a banda seguiu a cartilha do pop reggae a partir dos anos 2000, década em que teve a visibilidade aumentada com o álbum ao vivo Natiruts reggae power, lançado em 2006 nos formatos de CDS e DVD.
O grupo Natiruts pregou paz, amor e leveza, fazendo história no universo do reggae brasileiro ao seguir o rastro pop deixado por bandas como Cidade Negra.
Por isso mesmo, em nome da história construída, é preciso aplaudir o Natiruts por entender que, às vezes, a melhor saída é a de cena. Até porque o ideal é sair da festa antes que ela acabe e que todos sejam convidados a se retirar…