Dezoito minutos separaram morte de pai e filha por suspeita de dengue

Pai e filha moravam juntos no bairro Boa Vista, em Joinville (SC)

Francisco tinha 95 anos e a filha Teresinha, 67. Ambos morreram na mesma noite (Foto: Arquivo Pessoal)

No início desta semana, a família Jatczak foi surpreendida com uma notícia triste. Pai e filha morreram na mesma noite após terem contraído dengue em Joinville (SC). Francisco Jatczak tinha 95 anos e Teresinha Jatczak, 67. As mortes ocorreram na segunda-feira (26/2) com menos de 20 minutos de diferença.

“Muito difícil perder duas pessoas no mesmo dia, praticamente no mesmo horário, pessoas que a gente ama e faziam parte do nosso dia”, disse Tatiane Dorneles de Paula Karpinski, neta e sobrinha das vítimas.

Pai e filha moravam juntos no bairro Boa Vista e adoeceram na mesma semana. Ambos tiveram sintomas semelhantes como dor de cabeça, febre e dores pelo corpo.

Por conta dos problemas cardíacos, Teresinha foi quem primeiro apresentou agravamento no quadro de saúde e precisou ser internada no dia 15 de fevereiro. Ela foi encaminhada ao Hospital da Unimed. Dois dias depois, o pai também foi internado, desta vez, no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt.

Eles permaneceram nas unidades até a segunda-feira, quando foram registradas as mortes. Primeiro Francisco, às 20h30, conforme a certidão de óbito. Logo depois, houve a confirmação da morte da filha, às 20h48.

Segundo a certidão, o pai morreu em decorrência da dengue. Teresinha, além da dengue, teve choque cardiogênico, taquicardia ventricular, pneumonia bacteriana e insuficiência cardíaca. Apesar das duas certidões constatarem a morte por dengue, a Vigilância Epidemiológica de Joinville ainda investiga os casos.

Pai e filha moravam juntos

Francisco e Teresinha moravam juntos em uma casa no Boa Vista, a qual também compartilhavam com a esposa e mãe, Leucádia, que tem 90 anos. Tatiana conta que em meio à perda do marido e da filha, a idosa está sendo amparada pela família.

—  A nossa relação era extremamente profunda porque a nossa família é muito unida, realmente convivia junto. Eu cresci com os nossos avós, com a nossa tia Terezinha. Eles eram o nosso alicerce, a nossa base — lembra Tatiana.

A sobrinha conta que Teresinha dedicou sua vida aos cuidados com os pais. Após a morte da mãe, há 16 anos, a tia também passou a olhar por ela e assumiu o papel de mãe de Tatiana.

— Essa foi a missão dela aqui na terra e ela cumpriu com louvor. Ela deu o seu melhor, toda a sua vida por eles e acabou partindo junto com o pai, justamente no mesmo dia — diz Tatiana emocionada.

Números da dengue em Joinville

Até esta quinta-feira (29) Joinville tinha registrado oito mortes por dengue. Se o caso da família for confirmado, a cidade chega a dez óbitos pela doença.

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Conforme o painel da dengue em Joinville, o município já registrou 2.651 casos confirmados da doença. Entre os bairros com o maior número de pacientes está o Aventureiro (379), Saguaçu (349), Boa Vista (177), Iririú (164) e Costa e Silva (156).

Dengue em Santa Catarina

No último boletim divulgado pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), publicado em 26 de fevereiro, o Estado já soma 45.335 notificações de dengue em Santa Catarina. Desses, 25.254 foram considerados casos prováveis e 20.081 descartados. Na comparação com o mesmo período de 2023, observa-se um aumento de 554% no número de casos prováveis.

Ainda neste mês, o Governo de Santa Catarina publicou, na noite desta quinta-feira (22), o decreto que institui situação de emergência em todo o Estado.

O decreto 478 tem validade de 180 dias e reconhece o cenário de emergência de dengue a partir de quatro parâmetros: elevado número de municípios infestados pelo mosquito Aedes aegypti; elevado número de casos, quando comparado ao mesmo período de 2023; ocorrência de óbitos; e potencial risco de extrapolação dos serviços públicos de saúde.

O texto também autoriza a Secretaria do Estado de Saúde (SES) e as prefeituras a instituir medidas complementares. Na manhã desta quinta (22), durante coletiva de imprensa, a secretária de Saúde Carmen Zanotto afirmou que o decreto possibilita que o governo peça mais recursos ao governo federal.

O valor deve ser investido na contratação de quadro de pessoal e na compra de novos leitos. A secretária ainda disse que, se for preciso, usará forças de segurança para entrar em casas e locais abandonados a fim de combater os focos do mosquito.

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