Há três anos, num 19 de março de 2021, uma sexta-feira, era sepultado em São Paulo, o ex-deputado estadual acreano Sérgio Taboada, falecido no dia anterior, aos 60 anos de idade, vítima de infarto. Sindicalista, ele era também compositor, músico, poeta e escritor. Quando presidente do Sindicato dos Bancários do Acre, chegou a ser preso, em 1987, durante apoio a uma manifestação popular contra o aumento na passagem de ônibus em Rio Branco e que resultou em pancadaria e prisões no centro da cidade.
Entre os aos de 1991 a 1999, Taboada, acreano de Rio Branco, cumpriu dois mandatos de deputado estadual, eleito pelo PCdoB (Partido Comunista do Brasil). Polêmico, chegou a rasgar, na tribuna da Assembleia Legislatura do Estado (Aleac) o Regimento Interno do Poder sob a alegação de que, em função da ampla maioria dos parlamentares da bancada aliada ao Governo, a oposição minoritária não tinha maiores espaços para atuação.
Na área cultural, compôs canções, escreveu poesias e contos e produziu três CDs independentes. É autor dos livros “Adeus Órbita 8 – a viagem sem rumo do planeta Kabonga por universos diversos”, “A floresta mal-assombrada que não tinha bruxa” e “O Boto Raimundo – defensor da mata e herói do mundo”, esse último escrito com a jornalista Gisela Oliveira, a Gika, sua esposa.
Taboada conheceu e participou ativamente, como político e como artista, da luta em defesa de Chico Mendes, denunciando as ameaças e participando do comitê em defesa de sua vida. Ao sindicalista assassinado em Xauri em dezembro de 1988, ele chegou entregar, em vida, a canção Canto Verdadeiro (Seringal), que é uma homenagem à floresta, ao líder seringueiro e sua luta pela preservação da Amazônia.
Taboada desencantou-se coma política e passou a estudar, ao lado da esposa, para passar em concursos. Aprovado em concurso para o Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo, deixou o Acre e a militância político partidária e sua referência com o Estado passou a ser apenas do ponto de vista cultural.
Depois de sua morte, por inciativa de seu camarada e colega de militância no PCdoB e de sindicalismo, o deputado estadual Edvaldo Magalhães, o governo do Estado publicou a Lei Sérgio Taboada (nº 4.176), que institui a Semana da Música, a ser realizada no Acre a partir deste ano de 2024, na primeira semana de agosto, tendo como referência a data de criação da Associação dos Músicos do Acre (Amac), da qual o político e artista também foi um dos fundadores.
A Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM) e a Amac serão responsáveis por organizar a programação do período, com shows, saraus, workshops e performances de artistas, que deverão participar com trabalhos com 80% de autoria própria.
“Essa será mais uma forma de incentivar a música autoral no estado. Temos a certeza de que, junto com a Amac, faremos uma ampla programação. O importante é valorizar a música acreana e nossos artistas, que são muito talentosos e precisam desse espaço”, diz Minoru Kinpara, presidente da FEM.