A vida da dona de casa Gabrielli Vicente, de Canoas, no Rio Grande do Sul, assim como a de milhares de gaúchos, virou de cabeça para baixo desde a noite de sábado (4), quando a água começou a invadir a casa da família.
“Moro no segundo andar e, quando saímos, estava muito escuro e a água estava entrando lá em cima já”, lembra ela, que é moradora do bairro Harmonia, um dos afetados pela enchente.
Um barco chegou para retirar a Gabrielli e os quatro filhos do local, mas ele acabou virando. “Nosso barco virou e todos nós nos afogamos. Tinha mais ou menos 14 pessoas — meus quatro filhos caíram na água, incluindo minhas gêmeas de 6 meses. Tentei me segurar com as unhas no barco para não afundar com ele, mas engolimos muita água com gasolina e óleo do motor. Na mesma hora, outros três barcos chegaram para ajudar. Uma das minhas gêmeas, Ágata, foi pega desacordada, porém, o bombeiro a reanimou e correu com ela para o hospital. Achei meus outros dois filhos e garantiram que haviam pego também as duas bebês — na hora, eu gritava que eram duas. Perdemos a noção do tempo e horário de tudo”, contou ela, em entrevista exclusiva à CRESCER.
Segundo a mãe, Ágata está internada: “Está na UTI, em coma induzido, teve três paradas cardíacas”. No entanto, Agnes, a outra gêmea, continua desaparecida. A família tem esperanças de que ela possa ter sido levada para algum lugar em segurança. “Eu gritava que eram gêmeas, que eram duas, e eles falaram, na hora, que pegaram as duas, só não sabem para onde foi”, disse ela. “Meu menino de 2 anos, que não fala quase nada, aprendeu a falar ‘socorro’ de tanto que a gente gritava”, completou.
“Estou me culpando tanto. Me culpo por ter deixado elas no colo de outras pessoas no barco, mas eu estava já com meu menino de 2 anos nos braços. Agora, eu estou com meus outros dois filhos aqui, preciso ter força por eles também”, lamentou.
Desde sábado, a família está abrigada em prédios de acolhimento da Ulbra. “Falaram que estava passando barco por cima da nossa casa. Perdemos nossos dois carro, mas o que importa é a vida da minha menina, que dinheiro nenhum compra”, continuou.
A família tem procurado por Agnes desesperadamente em hospitais e locais de acolhimento. “A mãe já foi em vários lugares reconhecer crianças, mas, infelizmente, não era nenhuma delas. E como perderam o carro, estão gastando com táxi”, contou Renata da Rosa, amiga da família.
Veja, abaixo, o vídeo gravado por Gabrielli de sua casa, na tarde de sábado (4):
Os pais pedem para que as informações sobre o possível paradeiro da menina sejam enviadas para o Instagram da mãe @gabrielli.silvaa.5.