Piloto acreano morto em tragédia voava em um dos segmentos mais perigosos do Brasil; entenda

Tragédias como a que aconteceu com o piloto acreano Bruno Brito Carneiro se repetem com frequência no Brasil, segundo as estatísticas da Anac

Estudo da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), sobre acidentes e incidentes com aeronaves no país, mostra que o setor da aviação agrícola é o segundo maior em número de acidentes no Brasil, ficando atrás apenas da aviação privada, cuja proporção de aeronaves voando é grandiosa, dado às dimensões do país.

A vítima mais recente foi o piloto acreano Bruno Cezar Brito Carneiro, de 39 anos, que morreu na tarde da última terça-feira (7), numa fazenda do interior de Roraima. A sua aeronave para pulverização de lavoura, caiu numa área de mata, tendo seu corpo sido localizado apenas no dia seguinte.

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ContilNet teve acesso ao Relatório Anual de Segurança Operacional (Raso) 2022, relativo aos anos de 2018 a 2022, mas só divulgado em novembro do ano passado. Trata-se da mais recente compilação de números sobre ocorrências aéreas no Brasil.

No quadro, é possível observar que a taxa de fatalidades diminuiu na maioria dos segmentos, entre em 2021 e 2022, exceto na aviação agrícola/Fonte: Anac

De acordo com a Anac, entre os anos de 2018 e 2022, a aviação agrícola respondeu pela maior taxa de acidentes por tipo de operação por milhões de horas voadas. Começou em 2018 com 228,5 ocorrências a cada milhão de horas voadas; em 2019 subiu para 213,8, em 2020 para 242,4; no ano seguinte desceu para 213,0 e em 2022 ficou em 190,6. Enquanto isso, os outros setores, como o de táxi aéreo, voo privado e de instrução mantiveram uma taxa variando entre 80 e 50 ocorrências por milhão de horas no ar, ao longo dos cinco anos de referência.

“Pode-se afirmar que enquanto a taxa de fatalidades, na maioria dos segmentos da aviação, diminuiu se se comparado somente os anos de 2021 e de 2022, na aviação agrícola aumentou a taxa de fatalidades”, diz o relatório da Anac.

A explicação de que os acidentes com mortes são maiores na aviação agrícola é que o perfil de operações de pilotos como Bruno Carneiro é muito diferente dos demais segmentos. “São voos a baixa altura, proximidade a obstáculos e utilização de áreas de pouso não preparadas”.

O piloto Bruno Cezar era acreano/Foto: Cedida

Esses fatores acabam adicionando números superiores em tragédias em relação aos demais tipos de operação, o que ressalta a importância de ações de gestão da segurança específicas para este setor.

Aviação privada está na 1ª posição por causa do tamanho da frota de aeronaves

Ainda segundo o relatório Raso 2022 da Anac, do total dos acidentes registrados nos últimos cinco anos, verifica-se que a aviação privada – aquela que vai desde aeronaves de pequeno porte a helicópteros e jatos de pequeno e médio portes –, responde pela maior parcela do número de acidentes registrados.

Isso é explicado pelo tamanho da frota. São mais de 7,8 mil aparelhos, entre monomotores e bimotores – turboélices e a pistão –, além de helicópteros e jatos de pequeno e médio portes voando pelo país.

Em 2021, conforme os técnicos da Anac, houve uma melhora significativa nas taxas de acidentes na aviação agrícola, mantendo-se tendência de queda. Mas o documento não considera os números de 2023 e os já registrados neste quadrimestre de 2024, quando somente no estado do Mato Grosso, pelo menos 8 quedas de aeronaves agrícolas foram registradas, entre janeiro e março. No mesmo estado, em 2023, foram 9 acidentes com perdas de vidas humanas.

O avião agrícola após a queda na última terça-feira/Foto: Cedida

O Mato Grosso se destaca no cenário agropecuário nacional como um dos maiores produtores de grãos, tendo a maior frota de aviões agrícolas do país, segundo o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola.

Falha de motor, excursão de pista e perda de controle em voo são causas de quase 70% dos acidentes

Falha ou mau-funcionamento do motor, seguido de excursão de pista e perda de controle da aeronave são as maiores incidências de acidentes na aviação civil brasileira, segundo o Raso 2022. Eles são os principais tipos de ocorrência de acidentes com aeronaves.

Aviões em queda porque o motor entrou em pane foram responsáveis por 24% das ocorrências, enquanto que traspassar a pista de pouso totalizou 18,67% dos acidentes. A perda de controle em voo veio em terceiro, com 17%, e por último, com 9,67%, os acidentes em operações de baixa altitude, quando há colisões com torres, árvores e outros obstáculos. Somados, esses tipos concentraram quase 70% do total de acidentes aéreos no período de 2018 a 2022, no Brasil.

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