O principio de rebelião ocorrido nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (22), na Unidade Prisional de Senador Guiomard, trouxe à tona a discussão sobre a fragilidade do sistema prisional acreano, o que reflete diretamente nos indicies crescentes da criminalidade em todo o Estado, sobretudo na capital, Rio Branco.
O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Acre (Sindap/AC), Adriano Marques, conversou por telefone com Contilnet e voltou a denunciar as péssimas condições dos presídios do Estado. De acordo com o sindicalista, na Unidade Prisional de Senador Guiomard os problemas começam pelo baixo efetivo de agentes penitenciários, pela falta de estrutura, até a ausência de cadeados.
“O presídio do Quinari (Senador Guiomard), apesar de ser o mais novo do Estado, é o que apresenta as piores condições estruturais e de trabalho. Para se ter a dimensão do problema, na unidade apenas 13 agentes por plantão cuidam de pelo menos 500 detentos. Em algumas celas não existem cadeados, elas são fechadas com parafusos, na realidade os presos só não saem das celas porque não querem mesmo”, denunciou o sindicalista.
Marques disse ainda que no presídio os presos realizam trabalhos na horta, oficinas e na cozinha, sendo que “tem mais presos fora das celas, do que dentro delas”.
“O que acontece na unidade do Quinari é um absurdo, imagine 13 agentes para tomar de conta de mais de 500 presos. Na hora em que os presos vão para os trabalhos na cozinha, na horta e nas fábricas os agentes têm que se dividir. Então às vezes ficam dois ou três agentes, no máximo, para cuidar de 15 a 20 presos, só não acontece algo mais grave dentro do presídio por um milagre mesmo”, disse.
O sindicalista enfatizou que a queima de colchões é uma estratégia usada pelos presos para que os agentes abram as celas e os retirem para o pátio, o que durante essa retirada “pode ocorrer uma fuga em massa ou até mesmo a tomada de algum agente como refém”.
O motivo da rebelião ainda não foi informado pelo Instituto de Administração Penitenciária (Iapen). Equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foram destacadas para o local para controlar o principio de motim.