Atacada com soda cáustica em Jacarezinho, no Paraná, a jovem Isabelly Ferreira Moro, 23 anos, levava uma vida atarefada entre o trabalho como vendedora e a faculdade de direito. Ela foi internada na unidade de tratamento intensivo (UTI) do Hospital Universitário de Londrina e deveria receber alta ainda nessa segunda-feira (27/5).
O caso ocorreu na tarde de quarta-feira (22). Isabelly ia para academia durante o intervalo do trabalho quando foi atingida com a substância atirada nela pela suspeita presa na sexta-feira (24). Conforme a mãe de Isabelly, Regiane Ferreira, a jovem sofreu queimaduras dentro da boca.
— Não tem nada no rosto dela. Está perfeita. Não afetou nenhum órgão, só na boca. Ela está conversando, está ciente de tudo o que aconteceu. Está bem, graças a Deus — disse, em relato ao Encontro com Patrícia Poeta nesta segunda.
Quem é Isabelly Ferreira
Moradora de Jacarezinho, Isabelly trabalha em loja de roupas e faz faculdade de Direito. Segundo afirmou a gerente do estabelecimento, Thaís Carol Sfeir, em entrevista ao g1, a jovem atua há um ano como vendedora.
Rotina agitada
A gerente conta que Isabelly tinha um dia cheio de compromissos, entre a vida profissional e os estudos, e diariamente reservava um tempo para ir à academia, que fica a cerca de 500 metros da loja onde trabalha.
— Ela gostava muito de treinar, ia todos os dias para academia, a princípio após o expediente, mas aí nesse ano ela começou faculdade, então seus horários mudaram, ela passou a ir todos os dias para academia no seu horário de almoço — relata.
Thaís cita que Isabelly estava contente e realizando sonhos por ter começado o curso de Direito em uma faculdade de Santo Antônio da Platina, cidade vizinha a Jacarezinho.
— Isabelly é uma colaboradora muito dedicada, prestativa, querida por todas as nossas amigas e clientes. Nossa relação profissional sempre foi muito boa, ela é muito ágil, disposta — diz a gerente.
Crime motivado por ciúmes
A suspeita confessou o crime e disse que sua motivação foi ciúme porque o atual companheiro dela era ex-namorado de Isabelly. A mãe da vítima confirmou que havia uma rivalidade entre as duas, mas negou que a filha tenha sido ameaçada.
— Que eu saiba, nunca teve ameaça. Sei que tinha uma rivalidade. Uma era ex, a outra era atual. A atual passou a ser ex e a ex passou a ser atual. Mas nunca imaginaria que uma pessoa seria capaz de fazer um absurdo desse — disse Regiane, no Encontro.
O homem que se relacionava com as duas está preso, por conta de outras questões com a Justiça.
— Isabelly é uma menina muito inocente. Ela fica: “Que loucura, pra que fazer isso”. Ela fala assim — contou a mãe.
Suspeita presa
Conforme a Polícia Civil, a suspeita foi encontrada por volta das 5h de sexta-feira (24), no pátio de um hotel de Jacarezinho. Ela deve responder por tentativa de homicídio qualificado, ainda de acordo com o g1.
A Polícia Militar chegou até ela após a jovem pedir ajuda a um funcionário do hotel, alegando que estava sendo perseguida. A polícia concluiu, porém, que ela, na verdade, estava escondida e com frio, e por isso pediu ajuda.
Quando a PM chegou no local, já havia a suspeita de que a jovem tivesse cometido o crime contra Isabelly. Ao questionarem ela sobre o caso, ela confirmou ter sido a autora do crime e também disse ter agido por ciúme.
Na delegacia, de acordo com a delegada Carolinne dos Santos Fernandes, a suspeita demonstrou não se arrepender do crime.
— Ela não manifesta arrependimento. Pedimos a prisão à Justiça, que expediu o mandado. Foi um crime planejado. Disse que queria dar um susto na vítima — disse a delegada Caroline Fernandes.
De acordo com a delegada Carolinne e o delegado Tristão Borborema, a jovem passou a ser considerada suspeita a partir de pessoas ouvidas na investigação enquanto ela ainda era procurada. A família da vítima, por exemplo, citou que Isabelly teve brigas com o ex-namorado, que está preso por roubo agravado.
Em seguida, os delegados confirmaram a informação de que a atual companheira do homem não tinha dormido em casa no dia do ataque, e que também não tinha buscado o filho na creche. A polícia também teve acesso a um vídeo de câmera de monitoramento que mostra a suspeita de cometer o ataque. As imagens mostram uma pessoa com peruca loira e roupas escuras.
Na casa onde a suspeita morava com a avó, a polícia encontrou uma peruca castanha. Questionada, a mulher confirmou que a neta tinha uma peruca loira, que foi levada pela suspeita na noite anterior. Após a prisão da suspeita, policiais civis encontraram no matagal indicado pela presa alguns pertences, como camisa vermelha, boné, óculos e uma luva, além da peruca loira usada no dia do crime.