A morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso, e a prisão de Cleusimar e Ademar Cardoso, mãe e irmão da jovem de 32 anos, ainda está dando o que falar.
Desde o falecimento da moça na última terça-feira (28/5), diversos áudios atribuídos a familiares dela começaram a circular, trazendo à tona graves acusações. Uma delas envolve a morte de Maria Venina de Jesus Cardoso, de 82 anos, avó de Djidja, que aconteceu em junho do ano passado, em Parintins.
Áudios publicados pelo jornalista Felipeh Campos mostram que familiares da ex-sinhazinha acusam Cleusimar e Ademar Cardoso de terem drogado a idosa e ocultado o fato das autoridades policiais e da perícia cadavérica.
Uma das pessoas a fazer tal acusação em um grupo da família no WhatsApp é o primo de Djidja e Ademar e sobrinho de Cleusimar, que é médico neurocirurgião. Em um dos áudios, ele cita nominalmente a tia e os primos, questionando as circunstâncias da morte de sua avó.
“A tomografia da vovó foi um impacto muito grande para mim. Ela teve um compêndio de doenças associadas. […] Jamais a queda da minha vó ocasionou isso aí. […] Vocês estavam dando droga para a minha vó, uma mulher de 82 anos, com hipertireoidismo, arritmias, osteoporose, depressão, uma senhora que não suportaria o que aconteceu com ela”, disse ele.
“Cleusimar, ou você é muito burra ou o seu vício, a sua droga foi maior do que o amor pela sua mãe”, acrescentou.
Em outra gravação, o médico questiona a aplicação de um esteroide anabolizante em sua avó. “Eu estou perguntando de vocês três [Djidja, Ademar e Cleusimar], quem autorizou a aplicação de Deca Durabolin de nandrolona na minha avó? Porque eu sou médico e sei o que estou falando. Quem é Bruno? Em que momento ele entrou na minha família e fez isso? Porque me falaram que foi ele que aplicou” questionou.
Áudios de outros familiares de Djidja Cardoso também vieram à tona. Eles acusam o trio de se drogar e drogar a idosa. Uma delas também menciona a “Pai, Mãe, Vida”, a seita religiosa liderada por Cleusimar e Ademar, descoberta pela Polícia Civil do Amazonas.
Ouça os áudios:
Em uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (31/5), o delegado Daniel Antony disse que os áudios serão investigados.
“A gente está numa fase preliminar de coleta de informações, de oitivas, de elementos indiciários. Em relação aos áudios e mídias que circulam nas redes sociais e aplicativos de mensagens, nós temos conhecimento e estamos aferindo não só a autenticidade desses áudios, como também as pessoas que ali são referidas e nós vamos adotar as providências pertinentes”, disse ele.
Mãe e irmão de Djidja Cardoso lideravam seita religiosa
A Polícia Civil do Amazonas descobriu que a mãe e o irmão da ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso, lideravam uma seita religiosa, denominada “Pai, Mãe, Vida”.
De acordo com a investigação, eles eram responsáveis por fornecer e distribuir a substância ketamina, além de incentivar e promover o uso da droga de forma recreativa. Os dois foram presos em Manaus, nesta quinta-feira (30/5), junto com funcionárias do salão beleza Belle Femme, que ajudavam a manter a organização.
Segundo o inquérito policial, Ademar Cardoso (irmão de Djidja) era o líder da seita e acreditava ser Jesus, enquanto sua mãe Cleusimar seria Maria. Djidja Cardoso, que faleceu nesta semana, seria Maria Madalena.
Ademar utilizava o livro “Cartas para Cristo” como um “manual” para suas práticas, defendendo que o uso de ketamina, drogas alucinógenas e meditação poderia levar ao autoconhecimento e experiências espirituais profundas.
Nesta sexta-feira (31/5), os investigadores realizaram uma operação no salão de beleza Belle Femme e apreenderam frascos de ketamina (também escrita como cetamina ou quetamina), um anestésico de uso humano e veterinário que se tornou uma droga ilícita na década de 1980.
A polícia também investiga se há relação entre a morte de Djidja e a atuação do grupo.
Foram alvos da operação: Ademar Farias Cardoso Neto (irmão de Djidja), Cleusimar Cardoso Rodrigues (mãe de Djidja); Verônica da Costa Seixas (gerente do salão); Marlisson Vasconcelos Dantas (cabeleireiro do salão); e Claudiele Santos da Silva (maquiadora do salão).
O irmão de Djidja também é investigado por suspeita em outros crimes como estupro e tráfico de drogas.