O município de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, registrou mais de 1 mil casos de malária de janeiro a maio de 2024. Os números apontam um aumento significativo se comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 176 casos da doença. Os dados foram divulgados na última quinta-feira (6) pela Secretaria Municipal de Saúde.
Ao site Juruá Online, o coordenador da Vigilância Entomológica, Leonísio Messias, explicou que no período de janeiro a maio de 2024 foram registrados 1.272 casos de malária, o que significa um aumento de 8% dos casos da doença.
“A gente tá saindo de um período sazonal, um período que a gente sempre vem alertando né, por conta das muitas chuvas. E saindo desse período, a gente tá, como anos anteriores, com tendência de termos esse acréscimo. Sempre trabalhando para que isso não ocorra, mas ocorreu. Ainda que estivéssemos ainda nesse período com 8% de acréscimo”, disse o coordenador ao site.
Apesar do número ter registrado um aumento, a Secretaria Municipal de Saúde tem intensificado as ações de combate à malária nos bairros de Cruzeiro do Sul com as visitas domiciliares e orientação aos moradores. Além disso, o coordenador também falou que quando um morador apresenta um sintoma, um agente vai até a casa, faz a coleta e leva na unidade. Caso o exame dê positivo, o agente retorna com o tratamento e faz acompanhamento junto ao paciente.
O coordenador também deu orientações à população de como prevenir a malária. Dentre as ações estão:
- Aceitar a borrifação nas residências;
- Usar mosquiteiros impregnados;
- Procurar uma unidade de saúde ao sentir sintomas da doença;
- Tomar a medicação corretamente.
Cenário estadual
No dia 25 de abril, que é marcado pelo Dia Mundial da Luta Contra a Malária, foi divulgado os números de casos da doença em 2023. Segundo os dados, o Acre apresentou uma redução de 15,2% em 2023. Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), em 2022, foram notificados 6.139 casos, já em 2023, foram 5.204 casos.
O Estado do Acre está entre os estados com as maiores taxas de malária e representou 3,9% do total de números de casos da doença registrados na região amazônica no ano anterior. Segundo o chefe da Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde da Sesacre, Junior Pinheiro, o Acre aderiu ao Plano Nacional de Eliminação da Malária, que prevê a extinção da doença no território brasileiro até 2035.
Dados do Departamento de Vigilância em Saúde da Sesacre apontam que os municípios com maior incidência da doença são Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Rodrigues Alves, todos na mesma região, o Vale do Juruá. Em janeiro, fevereiro e março de 2024 foram confirmados 1.042 casos e 95,3% deles foram nesses três municípios.
O que é malária?
A malária é uma doença causada por parasitas inoculados por meio da picada de fêmeas do mosquito Anopheles infectadas, também conhecidos como mosquito-prego. Dentre as espécies de parasitas que causam malária em humanos, estão o Plasmodium falciparum e o Plasmodium vivax que representam a maior ameaça.
Os sintomas mais comuns da doença são calafrios, febre alta, dores de cabeça e musculares, taquicardia, aumento do baço e até mesmo delírios.
No caso de infecção por Plasmodium falciparum, também existe uma chance em dez de se desenvolver o que se chama de malária cerebral, responsável por cerca de 80% dos casos letais da doença.
Além dos sintomas correntes, aparece ligeira rigidez na nuca, perturbações sensoriais, desorientação, sonolência ou excitação, convulsões, vômitos e dores de cabeça, podendo o paciente chegar ao coma.