A Inteligência Artificial (IA) generativa mudará profundamente a maneira como os videogames são criados e jogados, mas seus custos são um obstáculo sério, disse o CEO da gigante francesa de jogos Ubisoft, Yves Guillemot, à AFP nesta segunda-feira (10). Durante um evento de apresentação dos próximos lançamentos da empresa, em Los Angeles, Guillemot afirmou que a IA generativa, ou Gen AI, poderia fazer com que jogos de mundo aberto, como a franquia “Assassin’s Creed”, parecessem ainda “mais vivos”.
Entre os jogos apresentados no evento estavam o aguardado “Star Wars Outlaws”, baseado no universo da icônica série de filmes, e “Assassin’s Creed Shadows”, que transporta a franquia de ficção histórica para o Japão feudal.
— O que vemos com a Gen AI é a possibilidade de que esses mundos abertos de ação e aventura sejam muito mais interativos e mais vivos — disse Guillemot. — Quando digo vivos… se você encontrar um personagem não-jogável, poderá falar com esse personagem e desenvolver um relacionamento com ele.
Guillemot descreveu a IA generativa, na qual programas de computador treinados criam de tudo, desde textos a vídeos em segundos com comandos simples, como “algo que transformará nossos jogos”. Mas com uma demanda pesada por processamento de computador e recursos para treinar os modelos, “o único problema é quanto isso vai custar”, disse Guillemot.
Desde a explosão do frenesi generativo com o lançamento do ChatGPT no final de 2022, as atenções estão voltadas para as maneiras como a tecnologia poderia mudar a indústria de videogames. Após uma forte alta durante a pandemia de coronavírus, a indústria de videogames tem enfrentado dificuldades, com uma onda de demissões e cortes de custos nas maiores empresas.
O setor também tem lutado com o domínio de títulos de franquia, como “Call of Duty” ou “Fortnite”, o que tem dificultado o surgimento de novos jogos. “Star Wars Outlaws” será lançado em 30 de agosto, enquanto “Assassin’s Creed Shadows” deverá estar disponível em 12 de novembro.
Mudança para a nuvem
O jogo em nuvem, que tem ganhado força na indústria, permite aos usuários transmitir e jogar jogos de alta qualidade sem a necessidade de hardware caro ou consoles de jogos dedicados. Os defensores do jogo em nuvem dizem que a mudança poderia fomentar uma comunidade de jogos mais vibrante e conectada, à medida que liberta os usuários da dependência de um ecossistema de console, como o Xbox, da Microsoft, ou o PlayStation, da Sony.
— O que falta na indústria no momento são grandes inovações. Precisamos de Gen AI, precisamos da nuvem, para nos ajudar a trazer experiências realmente novas — disse Guillemot.
Guillemot vê com bons olhos os movimentos da Apple e de outros fabricantes de dispositivos para fortalecer seu hardware com chips mais poderosos, o que poderia tirar as crescentes necessidades de processamento dos jogos da nuvem e levá-las para o próprio dispositivo. Adicionar chips de IA a hardware como o iPhone ou um laptop “significará mais inteligência em nossos jogos” e também poderia aliviar as necessidades e custos da computação em nuvem.
— A IA está chegando — disse Guillemot. — Sabemos que ela pode ser um mercado de massa. O problema é que a adoção leva tempo e ainda temos a questão do custo.